O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu nesta quinta-feira (15) às notícias de que é investigado por suspeita de obstrução da Justiça, voltando a dizer que é alvo de uma "caça às bruxas".
Na véspera, os jornais "Washington Post" e "New York Times" informaram que o conselheiro jurídico especial, Robert Mueller, está liderando um inquérito contra Trump, aberto alguns dias depois de o republicano demitir o então diretor do FBI, James Comey, em 9 de maio.
A decisão de investigar a conduta de Trump representa um importante ponto de inflexão nas ações conduzidas até agora pelo FBI, focadas em descobrir evidências da tentativa de intromissão russa durante a eleição presidencial e das suspeitas de coordenação entre a campanha Trump e o Kremlin.
"Eles inventaram uma história falsa sobre o conluio com a Rússia, não encontraram nenhuma prova, e agora falam em obstrução da Justiça sobre uma história falsa. Bacana", afirmou Trump em um canal oficial. "Vocês estão testemunhando a maior CAÇA ÀS BRUXAS da história política americana –liderada por pessoas muito más e contraditórias!"
O presidente já usou o termo "caça às bruxas" anteriormente para se referir ao trabalho de investigadores, promotores e jornalistas que questionam medidas adotadas pelo governo. O republicano e seus subordinados negam ter agido em coordenação com Moscou para se beneficiar na eleição.
Os serviços de inteligência dos Estados Unidos acusam o governo russo de ter orquestrado ciberataques contra o comitê de campanha do Partido Democrata e vazado e-mails para prejudicar a candidatura de Hillary Clinton. O Kremlin nega as acusações.
Na quarta (14), o Senado americano aprovou sanções contra a Rússia pela intromissão nas eleições e pela intervenção em conflitos na Ucrânia e na Síria.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira que a Rússia está pronta pra estabelecer um "diálogo construtivo" com os Estados Unidos e que não vê o país como inimigo.
INVESTIGAÇÃO
De acordo com o "Washinton Post", Dan Coats, diretor de inteligência nacional, Mike Rogers, chefe da NSA (Agência de Segurança Nacional), e Richard Ledgett, ex-vice-diretor da NSA, aceitaram ser interrogados pelos subordinados de Mueller já nesta semana.
Segundo a reportagem, que cita fontes anônimas, um dos pontos que estão sendo investigados são conversas que Trump teve com Coats e Rogers sobre a investigação da Rússia.
Uma delas teria ocorrido no dia 22 de março, menos de uma semana após Coats ter sido confirmado pelo Senado como diretor de inteligência nacional. Coats disse a colegas que Trump perguntou a ele se poderia intervir junto a Comey para que o FBI parasse de investigar o ex-assessor de segurança Michael Flynn na questão da interferência russa nas eleições.
Dias depois do encontro de 22 de março, prossegue o "Post", Trump telefonou separadamente para Coats e para Rogers para solicitar que ambos dessem declarações públicas negando a existência de qualquer evidência de coordenação entre sua campanha e o governo russo.
Coats e Rogers recusaram-se a cumprir os pedidos do presidente, segundo as fontes ouvidas pelo "Post".
A tese de que Trump agiu para obstruir a Justiça já havia ganhado força na semana passada, após Comey dizer em depoimento no Senado que acredita ter sido demitido por Trump para minar a investigação do FBI sobre a Rússia.
Embora seja improvável que a investigação conduzida por Mueller leve o presidente a enfrentar alguma acusação criminal, a obstrução da Justiça pode constituir a base de um processo de impeachment.
Qualquer passo desse tipo, porém, enfrentaria enorme obstáculo, uma vez que exigiria a aprovação da Câmara dos Deputados, controlada por republicanos.
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