Estilo de Trump pode incentivar atos de violência contra jornalistas, diz SIP
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou nesta segunda-feira (3) os ataques do governo Donald Trump contra a imprensa. Em nota, a entidade afirma que o estilo do presidente dos EUA pode "incentivar atos de violência contra jornalistas e meios de comunicação".
O presidente da Comissão de Liberdade da Imprensa e Informação da SIP, Roberto Rock, afirmou que embora seja comum uma tensão entre a Casa Branca e a imprensa, "a retórica do governo Trump não tem precedentes e ameaça minar a capacidade dos meios de comunicação de informar o público sobre as atividades do novo governo e de seus planos para o país".
Neste domingo (2) Trump publicou no Twitter uma montagem de vídeo em que ele aparece batendo e derrubando uma pessoa com o logotipo da rede CNN no lugar do rosto.
O vídeo termina com uma imagem semelhante ao logotipo da emissora, mas com a sigla FNN –representando "Fraud News Network" ("Rede de Notícias Fraudulentas")–, o último apelido de Trump para um dos seus alvos de mídia mais frequentes.
"Não se pode achar engraçado que o presidente possa incitar a violência contra jornalistas e meios de comunicação pois, além de afetar a sua relação com a imprensa, afasta grande parte de uma sociedade que entende que a Primeira Emenda [da Constituição, que garante direito à liberdade de imprensa] rechaça o uso de provocações para combater as críticas", disse Rock.
Em várias ocasiões Trump classificou de "desonestos" e "falsos" veículos de comunicação como CNN, NBC, ABC, além dos jornais "The New York Times" e "Washington Post". O presidente defende o uso de redes sociais e ataca as organizações por "tentarem lhe negar sua arma política".
Nos últimos dias, Trump tem estado em guerra aberta com jornalistas e emissoras.
Na quinta-feira (29), pouco depois de Mika Brzezinski, âncora do programa "Morning Joe", na MSNBC, dizer que Trump estava mentindo na internet sobre uma reportagem, o presidente usou uma rede social para chamar Brzezinski de "louca de baixo QI" e Joe Scarborough, seu colega no programa, de "maluco".
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