Míssil lançado pela Coreia do Norte sobrevoa o norte do Japão

Crédito: KCNA via Reuters O ditador Kim Jong-un acompanha o lançamento de míssil norte-coreano que sobrevoou o norte do Japão
O ditador Kim Jong-un acompanha lançamento de míssil norte-coreano que sobrevoou o norte do Japão

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em mais um sinal de desafio às sanções impostas pela comunidade internacional, a Coreia do Norte disparou um míssil que sobrevoou o norte do Japão e caiu no oceano Pacífico na manhã de terça-feira (29) —noite de segunda-feira (28) em Brasília—, segundo o governo japonês.

De acordo com militares da Coreia do Sul, o projétil percorreu cerca de 2.700 km e alcançou uma altitude de 550 km, atravessando a ilha de Hokkaido. O artefato se desfez em três pedaços antes de cair no mar.

O sistema de alerta J-Alert, do governo japonês, aconselhou os moradores locais a tomarem precauções, mas a emissora pública NHK informou que não foram registrados danos a navios ou a qualquer outra estrutura.

Os militares japoneses não tentaram derrubar o míssil, que passou pelo território do país por volta de 6h06 locais (18h06 de segunda no horário de Brasília).

Um projétil norte-coreano não atravessava o Japão desde abril de 2009, quando um foguete foi lançado por Pyongyang. Um teste semelhante ocorreu em agosto de 1998. Em ambos os casos, a Coreia do Norte afirmou que se tratava de lançamentos de satélites, mas à época não foi registrada a entrada em órbita de nenhum objeto.

Crédito: Editoria de Arte/Folhapress

O premiê japonês, Shinzo Abe, classificou o episódio de "uma ameaça grave sem precedentes". Ele cobrou das Nações Unidas que amplie os mecanismos de pressão sobre o ditador Kim Jong-un para que Pyongyang suspenda seu programa militar.

Abe e o governo americano solicitaram a convocação de uma reunião do Conselho de Segurança, que deve acontecer na noite desta terça (29). Horas após o lançamento, a Coreia do Sul fez um exercício militar com mísseis em retaliação ao país vizinho.

O regime norte-coreano não comentou especificamente sobre o lançamento de mísseis, mas publicou uma mensagem desafiando os EUA no "Rodong Sinmun", seu jornal estatal.

"Os EUA precisam saber que nenhuma intimidação à República Democrática Popular da Coreia com sanções econômicas, ameaças militares e chantagens fará que a República Democrática Popular da Coreia retroceda do rumo que escolheu para si."

O lançamento ocorre poucos dias depois de a Coreia do Norte ter disparado três mísseis de curto alcance no mar, e um mês após o regime de Kim Jong-un ter realizado seu segundo teste comprovado com um míssil balístico intercontinental, que em tese poderia atingir o território continental dos EUA.

Analistas militares consideram que, se o programa norte-coreano não for efetivamente interrompido, o regime poderia conseguir lançar um projétil carregando uma ogiva nuclear com capacidade de chegar aos EUA antes do fim do mandato do presidente Donald Trump, no início de 2021.

A Coreia do Norte normalmente reage a exercícios militares conjuntos de EUA e Coreia do Sul, que estão em andamento. Mas a escalada de tensão entre Pyongyang e Washington só aumenta desde que Trump prometeu responder com "fogo e fúria" aos mísseis norte-coreanos.

Em seguida, Kim Jong-un anunciou que considerava atacar o território americano de Guam, mas depois recuou, ao dizer que aguardaria os próximos passos dos "estúpidos ianques".

Trump não se manifestou sobre o novo míssil norte-coreano.

TIPO DE MÍSSIL

Coreia do Sul e EUA afirmaram que estavam analisando o tipo de míssil que sobrevoou Hokkaido.

Kim Dong-yub, ex-oficial sul-coreano e analista do Instituto para Estudos do Extremo Oriente, em Seul, disse que os primeiros dados do voo sugeriam que o projétil fosse um Hwasong-12, míssil de alcance intermediário que Pyongyang havia ameaçado usar justamente contra a ilha de Guam.

Segundo o especialista, também poderia se tratar de um Musudan, igualmente de médio alcance (3.500 km).

Crédito: Editoria de Arte/Folhapress DEFESA INTERMEDIÁRIA COM BASE TERRESTRE*É atualmente o único sistema que pode defender o território americano de um ataque de um míssil balístico intercontinental, como o testado pela Coreia do Norte
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