Senadores derrubam ordem de Trump e mantêm subsídios ao Obamacare

SILAS MARTÍ
DE NOVA YORK

Numa tentativa de evitar o colapso do sistema de saúde nos Estados Unidos, dois senadores chegaram a um acordo bipartidário para manter o pagamento de subsídios cortados por Donald Trump.

O pacote costurado pelo republicano Lamar Alexander, do Tennessee, e pela democrata Patty Murray, de Washington, dá sobrevida de dois anos ao que sobrou do Obamacare no rastro das reformas do atual presidente.

Depois de tentar derrubar —sem sucesso — o sistema de saúde implementado por seu antecessor ao longo de um ano no Congresso, Trump assinou um decreto na semana passada que desmonta partes do programa e jogou para os parlamentares a missão de criar novas alternativas.

Na sequência, cortou estímulos que mantinham o Obamacare funcionando para as famílias mais pobres, cerca de 7 milhões de americanos, o que detonou um alerta entre parlamentares da situação e da oposição para encontrar logo uma saída, temendo sofrer reveses nas eleições legislativas do ano que vem.

Murray e Alexander reagiram às novas regras de Trump optando por manter o pagamento dos subsídios pelos próximos dois anos e prometeram "flexibilidade significativa" aos Estados na concessão dos benefícios, visando evitar um colapso do sistema —pelas regras de Trump, pessoas com doenças preexistentes e grupos de risco poderiam perder sua cobertura.

O presidente apoiou a medida bipartidária num primeiro momento, mas já adiantou que não quer a manutenção dos estímulos, que considera um presente dado às seguradoras. "É uma solução de curto prazo", afirmou Trump. "Vai nos deixar superar esse obstáculo intermediário."

Na visão do presidente, Estados devem receber verbas para estimular como quiserem o setor da saúde, desmontando as exigências em nível nacional do plano implementado por Obama, que elencava como serviços básicos cuidados com a maternidade, saúde mental, resgate de emergência, entre outros.

O pacote sugerido por Alexander e Murray, no caso, é uma espécie de Obamacare engessado e dá alívio temporário aos que não podem pagar por planos de saúde nos EUA, mas ainda está longe de pôr fim à maior briga no Congresso desde a chegada de Trump à Casa Branca.

Republicanos ainda querem o fim do sistema anterior, embora discordem da maneira como Trump vinha tentando avançar o desmonte. Democratas, em paralelo, tendem a querer agora ampliar o escopo desses benefícios.

O acesso universal à saúde, defendido por democratas influentes como Bernie Sanders, já desponta como uma bandeira central do programa do partido para a próxima corrida à Casa Branca.

Enquanto 2020 não chega, o assunto continua a erodir o tumultuado governo Trump.

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