Em Bangladesh, papa Francisco alerta para o 'terrorismo da fofoca'
O papa Francisco visitou neste sábado (2) um abrigo para órfãos, mães solteiras e idosos em Dacca, como parte de seu último dia de viagem a Bangladesh.
A instituição foi fundada nos anos 1970 por Madre Teresa para acolher mulheres que engravidaram após serem estupradas por soldados paquistaneses durante a guerra de independência do país. Madre Teresa foi canonizada em 2016.
Em um discurso improvisado, o papa pediu a padres e freiras que atentassem para os perigos do "terrorismo da fofoca".
"Quantas comunidades religiosas já foram destruídas por causa do espírito da fofoca? Por favor, mordam a língua", disse.
A fala foi considerada uma opção leve para encerrar uma viagem marcada por tensões.
Na sexta-feira (1º), Francisco se reuniu na capital de Bangladesh com 18 refugiados da minoria muçulmana rohingya. Foi a primeira vez que o papa se referiu a eles pelo nome desde o início de sua viagem à Ásia.
"A presença de Deus hoje também se chama rohingya", declarou ao término do encontro com os muçulmanos que fugiram da onda de violência em Mianmar, país vizinho e de maioria budista.
"Deixe-nos continuar a fazer a coisa certa e a ajudá-los. Vamos continuar a trabalhar para garantir que seus direitos sejam reconhecidos", disse o papa. "Não deixemos que nossos corações se fechem, não vamos virar o rosto", acrescentou.
Até então, Francisco não havia mencionado a palavra "rohingya". O Vaticano temia que isso pudesse motivar ataques contra cristãos em Mianmar.
Mais de 620 mil rohingya fugiram para Bangladesh desde o fim de agosto. A ONU e os EUA acusam o Exército birmanês de fazer uma "limpeza étnica" contra o grupo.
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