FHC diz que governo atual não precisa dos recursos da CPMF
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou nesta quinta-feira, durante sabatina da Folha, que o atual governo não precisa dos recursos da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
"Na época [quando a CPMF foi criada no seu governo], precisávamos de recursos. Agora pode-se reduzir gastos", explicou. FHC reiterou que não dá para comparar a conjuntura do país quando ele criou o "imposto do cheque" com a atual.
O ex-presidente disse ainda que a CPMF não é um tributo tão ruim, embora tenha efeitos mais negativos aos pobres.
FHC também criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por não ter criado uma agenda de trabalho para o Congresso. "Eles só pensam em defender impostos", disse, em referência à briga pela prorrogação do "imposto do cheque" até 2011.
Sobre as negociações entre o PSDB e o governo federal para a manutenção da contribuição, o ex-presidente informou que seu partido tentou "um acordo racional", que incluía a redução gradativa das alíquotas. Porém, não houve acordo.
"O governo foi intransigente de achar que levaria pela força, e não conseguiram até agora. Não houve nenhum espaço real de negociação com o PSDB", disse.
Ele negou que seja irresponsabilidade do PSDB ser contra um tributo que tirará R$ 40 bilhões anuais dos cofres públicos. "Não sei se seria irresponsável pelo equilíbrio.(...) Que há um excesso [de arrecadação], há."
Comparação
FHC ainda comparou Lula com presidentes de países vizinhos e, indiretamente, elogiou seu sucessor na Presidência da República.
Ele disse que Lula poderia manter-se no poder "como deve ocorrer nos países vizinhos", mas não tem este perfil.
Segundo FHC, em um cenário onde o Congresso tem baixa credibilidade, o Judiciário também perde força e o presidente se mantém com altos índices de aprovação, isso poderia ocorrer, em uma alusão às tentativas de Hugo Chávez (Venezuela), Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia) de mudarem as Cartas de seus países para se perpetuarem no cargo. "Poderia ir para o que ocorreu nos nossos vizinhos. Mas Lula não tem este perfil."
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