Em megaoperação, PF prende Daniel Dantas, Celso Pitta e Naji Nahas
A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira, durante uma operação contra suspeitos de corrupção e de promover lavagem de dinheiro, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, o investidor Naji Nahas e o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.
A operação, batizada de Satiagraha, cumpre 24 mandados de prisão e 56 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e em Brasília. Os mandados foram expedidos pela 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Dantas foi preso no Rio, juntamente com sua mulher, cunhado e irmã, mas os nomes dos três ainda não foram divulgados. A Polícia Federal já apreendeu quatro carros importados. Três deles, possivelmente, seriam de Nahas, além de documentos e um cofre. Na casa de Pitta, a PF ainda colhe documentos.
Advogado de Dantas
O advogado de Daniel Dantas, Nélio Machado, disse em entrevista à GloboNews que a prisão de seu cliente foi "arbitrária e desnecessária" --ele marcou uma entrevista coletiva para hoje no Rio. "Daniel Dantas é um empresário reconhecido pela competência e vem sendo estigmatizado como se fosse transformado em inimigo público", disse. Os advogados de Celso Pitta e Naji Nahas não foram localizados.
Folha Imagem |
PF prende o investidor Naji Nahas, o ex-prefeito Celso Pitta e o banqueiro Daniel Dantas |
Segundo a PF, as investigações começaram há quatro anos, com o desdobramento das apurações feitas a partir de documentos relacionados com o caso mensalão. A partir de documentos enviados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para a Procuradoria da República no Estado de São Paulo, foi aberto um processo na 6ª Vara Criminal Federal.
Na apuração foram identificadas pessoas e empresas supostamente beneficiadas no esquema montado pelo empresário Marcos Valério para intermediar e desviar recursos. Com base nas informações e em documentos colhidos em outras investigações da Polícia Federal, os policiais apuraram a existência de uma organização criminosa, supostamente comandada por Daniel Dantas, envolvida com a prática de diversos crimes.
O grupo é suspeito de ter empresas de fachada. As investigações ainda descobriram que havia uma segunda organização, formada por empresários e doleiros que supostamente atuavam no mercado financeiro para lavagem de dinheiro. O segundo grupo seria comandado pelo investidor Naji Nahas.
Além de fraudes no mercado de capitais, baseadas principalmente no recebimento de informações privilegiadas, a organização teria atuado no mercado paralelo de moedas estrangeiras. Há indícios inclusive do recebimento de informações privilegiadas sobre a taxa de juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano).
Os presos na operação devem ser indiciados sob as acusações de lavagem de dinheiro, corrupção, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha. Eles devem ser transferidos para São Paulo, onde permanecerão na carceragem da Superintendência Regional da PF.
A operação conta com a participação de 300 policiais.
Trajetória
Celso Pitta foi prefeito de São Paulo entre 1997 e 2000, após ser secretário de Finanças na gestão anterior, de Paulo Maluf. Em março de 2000, sua ex-mulher, Nicéa Pitta, o acusou de participar de um esquema de corrupção --que foi conhecido como o "escândalo dos precatórios".
Os desdobramentos deste caso fizeram com que ele perdesse o cargo na Justiça em maio daquele ano, recuperando a posição 18 dias depois. Mais tarde tentou, sem sucesso, se eleger deputado federal por duas vezes. Atualmente é filiado ao PTB.
Daniel Dantas é o dono do grupo Opportunity, fundado por ele em 1993. O banqueiro ganhou notoriedade ao se associar com o Citigroup, para se tornarem sócios do consórcio que venceu a concessão de telefonia que criou a Brasil Telecom. Depois iniciaram uma disputa societária que só terminou com a venda da empresa para a Oi (ex-Telemar) no início deste ano. Durante essa disputa foi acusado, entre outras coisas, de espionagem.
Ele aproximou-se da política no governo Fernando Collor de Mello. Depois tornou-se economista do PFL. Ganhou fama, entretanto, na época das privatizações da telefonia, em 1998, durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
Já o megainvestidor Naji Nahas, nascido no Líbano, chegou ao Brasil na década de 70 e ficou conhecido em 1989, quando foi acusado de ser um dos responsáveis pela quebra da Bolsa de Valores do Rio. Porém, foi inocentado --a decisão final sobre o caso ocorreu apenas em 2005. Nahas também se envolveu na disputa societária da Brasil Telecom ao trabalhar como consultor da Telecom Italia, que foi uma das interessadas na compra da companhia telefônica brasileira.
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