PF prende filha de Jerominho e mais 11 por uso de milícia para intimidar eleitores no Rio
A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira a candidata a vereadora do Rio Carminha Jerominho (PT do B) e mais 11 pessoas na Operação Voto Limpo. Ela foi detida nesta manhã em casa, em Campo Grande (zona oeste do Rio).
De acordo com a PF, a campanha de Carminha teria sido financiada por atividades ilegais da milícia Liga da Justiça, apontada como o principal grupo miliciano do Rio. Os milicianos, entre eles policiais, estavam forçando moradores da zona oeste da cidade a votar e fazer campanha pela candidata, segundo o superintendente da PF no Rio, Valdinho Caetano.
Carminha é filha do vereador Jerônimo Guimarães, o Jerominho (PMDB) e sobrinha do deputado estadual Natalino Guimarães (sem partido), que estão presos sob acusação de chefiar a Liga da Justiça.
De acordo com o Ministério Público Eleitoral, Carminha Jerominho e o irmão Luciano Guenancio, foragido da Justiça, assumiram o comando da quadrilha após a prisão de Jerominho e Natalino.
Em investigação feita nos últimos 90 dias, a PF afirma ter comprovado que Carminha usava da estrutura da milícia em sua campanha e que moradores que se negavam a fazer campanha pela candidata foram hostilizados, expulsos e vítimas de atentados, segundo o superintendente da PF.
"Em algumas ocasiões, verificamos que cidadãos foram obrigados a sair de suas residências por não concordarem em apoiar essa candidata [Carminha]", disse Valdinho Caetano. "Também constatamos duas tentativas de homicídio a pessoas que não concordaram em ceder espaço para colocação de propaganda eleitoral da candidata."
As investigações também constataram que os milicianos aumentaram o preço do gás vendido em comunidades da zona oeste --uma das supostas atividades ilegais que financiam a milícia-- para gerar recursos para a campanha de Carminha. O aumento, segundo Caetano, foi de R$ 21 para R$ 32 por botijão.
Dos 12 pessoas presas, sete são policiais militares. Os policiais foram presos pela Polícia Militar em casa e no serviço nesta manhã.
Além de Carminha, já foram presos Guilherme Berardinelli, Fábio Pereira de Oliveira, Carlos Henrique Garcia Ramos, Luciano Sabino da Silva e os policiais militares Toni Angelo Aguiar, Júlio Cesar Ferraz, Ricardo Carvalho Santos, Alonso dos Santos, Flávio Mendes Augusto, Moisés Pereira Maia Júnior e Kennedy Graciano Albuquerque.
Oito dos presos foram indiciados pelos crimes de formação de quadrilha e de coação eleitoral e tentativa de homicídio. Apenas Guilherme Berardinelli e Luciano da Silva não foram enquadrados no crime de tentativa de homicídio. Carminha foi indiciada apenas por formação de quadrilha, segundo o TRE-RJ.
Outro lado
O advogado de Carminha ainda não foi encontrado pela Folha Online para comentar a prisão e as acusações. Na semana passada, a candidata afirmou que sua família está sendo vítima de perseguição política por parte de policiais civis descontentes com a presença deles na zona oeste da cidade.
Entre os 22 pessoas com mandado de prisão na operação Voto Limpo está o irmão de Carminha, Luciano Guimarães, que já era foragido da Justiça do Rio. Ele continua desaparecido.
Jerônimo e natalino Guimarães estão presos no Rio acusados de chefiar a Liga da Justiça. Carminha está na sede da PF no Rio e será transferida ainda nesta sexta-feira para o presídio federal de Catanduvas (PR), de acordo com a PF.
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