DNA identifica segundo corpo de guerrilheiro morto no Araguaia; veja laudo
Exame de DNA permitiu a identificação dos restos mortais de Bergson Gurjão Farias, desaparecido da Guerrilha do Araguaia entre 4 de maio e 4 de junho de 1972. Veja o laudo da perícia.
A identificação foi anunciada hoje pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos e pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. A família do guerrilheiro foi avisada pessoalmente em Fortaleza.
Reportagem da Folha, publicada em maio, revelava que o esqueleto batizado de X-2 pelo governo federal apresentava características idênticas às do guerrilheiro Bergson Gurjão Farias. O corpo do guerrilheiro jamais foi localizado. O esqueleto foi exumado há 13 anos em Xambioá (norte de Tocantins).
O único corpo identificado dos desaparecidos no Araguaia foi o de Maria Lúcia Petit, exumada em cova vizinha à do corpo que pode ser o de Jorge (codinome de Gurjão Farias).
O MPF-DF (Ministério Público Federal) no Distrito Federal protocolou requerimento na Justiça Federal pedindo a participação de civis e familiares na operação de buscas de corpos de guerrilheiros e camponeses mortos na região do Araguaia (PA). As buscas, que estão sendo conduzidas pelo Exército devem começar amanhã.
No requerimento, a Procuradoria pede a suspensão das escavações feitas pelo Exército até que seja feito um levantamento mais seguro dos locais onde os guerrilheiros teriam sido enterrados.
Em nota, a Procuradoria informa que o objetivo do requerimento pe garantir o cumprimento da sentença judicial que obriga a União a informar onde estão enterrados os corpos dos guerrilheiros, entregar as ossadas às famílias e prestar informações sobre as operações militares realizadas no Araguaia em 120 dias --prazo que termina no dia 12.
A busca pelos desaparecidos da guerrilha do Araguaia ganhou força depois das recentes declarações de Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o major Curió. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", Curió abriu seus arquivos pessoais e revelou que 41 guerrilheiros foram executados pelos militares durante a guerrilha.
Até hoje não se sabe quantas pessoas morreram nos conflitos do Araguaia, na divisa dos Estados do Pará, Maranhão e Tocantins (na época ainda parte do Estado de Goiás).
De acordo com o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, as escavações deverão começar apenas em agosto. Na etapa seguinte, o material, caso seja encontrado, será enviado aos laboratórios de perícia para a identificação.
A guerrilha
O episódio histórico conhecido como guerrilha do Araguaia aconteceu na segunda metade dos anos 60 e na primeira dos 70. Adepto da luta armada contra o regime militar, o PC do B enviou para o Araguaia cerca de 70 militantes, a maioria jovens.
Eles tinham a incumbência de iniciar um movimento, inspirado na revolução ocorrida na China nas décadas de 20, 30 e 40, que resultaria, na concepção dos dirigentes comunistas, na queda do governo militar.
Tropas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica enviadas à floresta dizimaram os guerrilheiros. Até hoje não se sabe o paradeiro dos corpos.
Arte/Folha | ||
Com Folha de S.Paulo
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