PF prende ex-secretário do Meio Ambiente de MT e mais 59 por fraudes
Uma operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta sexta-feira já prendeu 60 pessoas suspeitas de aprovar licenciamentos e planos de manejo florestal fraudulentos usados para legalizar madeira extraída ilegalmente, especialmente de terras públicas e indígenas, assentamentos e unidades de conservação em Mato Grosso.
Entre os presos estão Luis Henrique Daldegan, ex-secretário estadual do Meio Ambiente; Janete Riva, mulher do presidente da Assembleia Legislativa de MT, José Riva (PP); e Rodrigo Spinelli, filho do ex-conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Ubiratan Spinelli; além de madeireiros, fazendeiros, engenheiros florestais e servidores públicos da Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente de Mato Grosso) e de outros órgãos.
Ubiratan prestou depoimento, mas não foi preso.
A PF cumpre ao menos 91 mandados de prisão preventiva em municípios de Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Rio Grande Sul e Espírito Santo.
Segundo a PF, os servidores presos são suspeitos de aprovar licenciamentos e planos de manejo florestal fraudulentos usados para legalizar madeira extraída ilegalmente, especialmente de terras públicas e indígenas, assentamentos e unidades de conservação em MT.
O valor estimado dos danos ambientais causados pelos investigados chega a cerca de R$ 900 milhões, segundo a PF.
A operação --chamada Jurupari, referência a uma lenda tupi que fala de uma entidade enviada pelo Sol para reformar a Terra, segundo a PF--, é resultado de cerca de dois anos de investigações.
Os suspeitos podem ser indiciados por formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, furto, grilagem de terras, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistema de informática e diversos crimes ambientais, de acordo com a PF.
A Justiça Federal em Mato Grosso também decretou o sequestro e indisponibilidade dos bens dos envolvidos e o afastamento de todos os servidores indiciados.
Segundo a PF, as investigações mostram que os servidores possuem movimentações financeiras superiores aos rendimentos de funcionários públicos.
Outro lado
José Riva afirma que as prisões de sua mulher, seu genro e de um de seus assessores "são políticas" e que a fazenda investigada não tem irregularidades. "Se encontrarem algo, podem ficar com ela. Não sou materialista", diz.
Sobre a prisão do assessor Adilson Rodrigues, um funcionário da Intermat (Instituto de Terras de Mato Grosso) cedido ao seu gabinete, Riva afirma que ele só mediava contatos com a Sema e ajudava pessoas que pretendiam obter licenças para regularizar áreas. "É um sujeito humilde", diz.
O deputado também afirma que o dinheiro apreendido é resultado de um empréstimo bancário feito pelo seu genro.
O advogado de Rodrigo Spinelli, André Stumpf, afirma que a prisão foi "desnecessária" e que não há irregularidades na fazenda de seu cliente, uma área de 20 mil hectares.
O secretario de Meio Ambiente de Mato Grosso, Alexandre Maia, afirma que as fraudes no sistema de concessão de créditos para extração de madeira foram resultado de falhas individuais, mas que, se necessário, serão feitos ajustes.
A reportagem não conseguiu entrar em contato com os advogados de defesa do ex-secretário Luiz Henrique Daldegan.
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