Índios que invadiram a Funai dizem que órgão não fornece alimentação adequada
O grupo de índios que invadiu a sede da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Brasília, na segunda-feira (10) reclama que o órgão não está fornecendo alimentação adequada.
Segundo o índio Valdenir Mundurucu, eles tiveram que fechar de novo a entrada do órgão nesta quarta (12) de manhã para forçar a Funai a fornecer café da manhã. Valdenir afirmou que ontem (11) eles só tiveram o jantar, que chegou tarde da noite.
Depois do novo fechamento, a Funai comprou pão, café e leite para os aproximadamente 150 índios e prometeu o almoço. "Quando não tem comida, a gente passa fome mesmo", disse Valdenir. Contatado, o órgão não se pronunciou até agora.
No começo da tarde de ontem (11), ele saíram da sede da Funai e marcharam pela Esplanada até o Ministério de Minas e Energia. Do lado de fora, parte deles se deitou na rua e teve os contornos de seus corpos pintados com tinta, simulando as marcações feitas por peritos em cenas de assassinatos.
A marcha até o ministério teve como principal alvo de protestos a construção de usinas na Amazônia. Os mundurucu serão afetados por um conjunto de cinco hidrelétricas a serem erguidas no rio Tapajós, no oeste do Pará, e dizem que a Constituição dá a eles poder de veto sobre os projetos.
Mesmo não estando entre os afetados diretos, os índios têm participado, também, das invasões a outra megahidrelétrica já em construção --Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, cujo processo de licenciamento, já terminado, também não deu suficiente voz às etnias afetadas, argumentam.
Em Brasília desde terça-feira (4), onde chegaram levados pelo governo, eles são quase todos mundurucus, mas há também pessoas das etnias xipaia, arara e caiapó.
Foram para a capital discutir suas reivindicações com o governo, por meio do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência). Carvalho os recebeu uma vez, na semana passada, mas uma segunda reunião, na segunda última, foi frustrada --índios e o ministro se acusam de ter quebrado as regras combinadas para o encontro.
Na Funai, já dormiram de maneira improvisada duas noites seguidas. A promessa do órgão é que eles serão levados de volta ao Pará amanhã, quinta-feira (13), afirmou Valdenir. O horário não está confirmado, disse.
O grupo pode ir ainda hoje ao STF (Supremo Tribunal Federal), onde estiveram ontem para protocolar uma carta e pedir uma audiência com o presidente da corte, Joaquim Barbosa, e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
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