Skaf empata com famosos em anúncios
Graças ao bordão "Dança, gatinho" e a um quadro de namoro na TV em que se fantasia para imitar cantores famosos, o apresentador Rodrigo Faro, da Record, tornou-se um requisitado garoto-propaganda nos últimos tempos.
De janeiro a junho deste ano, ele apareceu 1.090 vezes nos intervalos comerciais de TV em São Paulo, como porta-voz de sete marcas. Mas Faro não foi páreo para Paulo Skaf, o empresário que quer ser o candidato do PMDB ao governo do Estado em 2014.
Levantamento feito a pedido da Folha pelo Controle da Concorrência, que monitora inserções do mercado publicitário, mostra que Skaf teve 1.151 aparições em comerciais veiculados pelas entidades que ele preside, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e as regionais do Sesi e do Senai.
Editoria de Arte/Folhapress |
Se fosse uma celebridade, ele estaria em 23º lugar no ranking dos famosos mais presentes em anúncios, com apenas dez inserções a menos que o global Luciano Huck e 61 a mais que Faro.
As aparições como porta-voz da Fiesp, do Senai e do Sesi garantiram a Skaf um espaço que seu partido, que visa torná-lo mais conhecido para as eleições de 2014, jamais teria como oferecer com os recursos assegurados pela atual legislação eleitoral.
A quantidade de anúncios das entidades da indústria nas cinco maiores emissoras de TV no primeiro semestre supera o número de inserções a que o PMDB terá direito para fazer propaganda partidária, nesses mesmos canais, durante todo o ano de 2013.
Na última pesquisa do Datafolha no Estado, divulgada no início do mês, Skaf chegou a 19% das intenções de voto para governador. Dirigentes de seu partido atribuem o resultado à exposição nos anúncios do sistema Fiesp.
Entre março e maio, as entidades comandadas por Skaf estamparam seu rosto no ar em quatro campanhas assinadas pela agência do publicitário Duda Mendonça.
Skaf diz ter gasto cerca de R$ 7 milhões da Fiesp para produzir e veicular duas peças, em que comemorou a redução das contas de luz e defendeu a aprovação da MP dos Portos, votada pelo Congresso Nacional em maio.
Skaf também estrelou, em abril, comerciais do Sesi e do Senai em que, diante de crianças e jovens, afirmava que a indústria faz "investimento em gente" ao aplicar recursos nas duas entidades.
Segundo ele, custaram R$ 16 milhões, dos quais R$ 10 milhões foram para a compra de espaço publicitário na TV.
Como as entidades anunciaram simultaneamente, Skaf chegou a ficar no ar por 18 dias seguidos, entre 21 de abril e 8 de maio. Em março, a estreia de uma das campanhas coincidiu com o início das inserções do PMDB.
COBRANÇA INTERNA
O empresário nega ter usado o dinheiro das entidades para autopromoção. Afirma que todas as campanhas foram aprovadas em colegiados e que, no caso da MP dos Portos, chegou a ser cobrado por um diretor da Fiesp para que a federação fosse à TV pedir a aprovação da medida.
"Os valores [das campanhas] foram insignificantes diante dos resultados", afirma Skaf, que preside a Fiesp desde 2004. Ele diz que os comerciais nada têm a ver com seus planos políticos. "Se fosse assim, todo mundo que está na TV faz uma campanha de sabonete e vira presidente da República", afirma.
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