José Serra nega encontro com executivo
O ex-governador José Serra (PSDB) disse nunca ter tido "encontros privados com diretor da Siemens ou de outras empresas fornecedoras do Estado". Ele defendeu a lisura do processo de licitação mencionado pelo funcionário da multinacional alemã: "Foi acirrada, foi o anticartel".
Serra confirmou ter ido à conferência em Amsterdã para assistir a "algumas solenidades e palestras". Ele afirma que, na data em que o diretor da Siemens escreveu a seus superiores, a licitação já havia sido concluída. "Os preços finais foram tão mais baixos que quebraram paradigmas nacionais e internacionais", afirmou. "Economizamos recursos públicos."
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"É lógico que, se as empresas que perderam conseguissem impugnar o resultado na Justiça ou no Banco Mundial [financiador que supervisionava a licitação], iríamos fazer nova concorrência, para manter os preços baixos", afirmou o ex-governador. "Nunca fizemos segredo disso".
Para o tucano,o relato do executivo da Siemens de que o governo teria indicado ser "desejável" acelerar o cronograma para entrega dos trens da CPTM e que "consideraria" a possibilidade de a empresa alemã fornecer 30% dos equipamentos, é "sem pé nem cabeça". "Jamais tive ou assisti essa conversa com ninguém, nem faria sentido. A licitação já estava feita", disse.
"Caberia à empresa vencedora [CAF] fornecer os equipamentos, os preços e os prazos estabelecidos", afirmou.
O ex-secretário de Transportes Metropolitanos José Luiz Portella confirmou ter participado com Serra da conferência mencionada no e-mail do diretor da Siemens, mas afirmou que não se lembra de ter conversado com o executivo durante o evento.
"É totalmente absurda a acusação", afirmou Portella. Ele disse que todo o processo de licitação a que a mensagem se refere foi acompanhado e homologado pelo Banco Mundial, que financiou a compra dos trens da CPTM.
Segundo Portella, a Siemens estava contrariada com a vitória da CAF e até contestou o resultado na Justiça. "A CAF ganhou com [preço de] 15% a menos [em relação ao oferecido pela Siemens]", disse o ex-secretário. "A Siemens tentou desqualificar a licitação, nós fomos contra e o Banco Mundial também."
"Se ele [Siemens] afirma que o governo era a favor de dar os 30%, por que nós fomos contra o recurso? E mais, isso não ocorreu. A CAF entregou 100% dos trens. O fato concreto é que tudo isso que ele fala não aconteceu."
Procurada, a Alstom informou, por meio de sua assessoria, que "recebeu um pedido do Cade para apresentar documentos" e que "está colaborando com as autoridades". A CAF não quis se manifestar. A Siemens disse que "coopera integralmente com as autoridades, manifestando-se oportunamente quando requerido e se permitido pelos órgãos competentes".
"Tendo em vista que as investigações ainda estão em andamento, e a confidencialidade inerente ao caso, a Siemens não pode se manifestar em detalhes quanto ao teor de cada uma das matérias que têm sido publicadas pelos diversos veículos de comunicação", afirmou a empresa.
"A Siemens reitera seu compromisso com a ética, estando empenhada em dedicar todos os esforços para que seus colaboradores ajam de acordo com os mais elevados padrões de conduta."
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