Em crise, governo do Paraná atrasa obras e pagamentos
Sem dinheiro para pagar funcionários e fornecedores, o governo Beto Richa (PSDB), no Paraná, tem atrasado há pelo menos quatro meses pagamentos referentes a dezenas de obras e serviços.
Construções de rodovias pararam ou desaceleraram. Veículos policiais esperam conserto em oficinas. Não há aumentos para servidores desde setembro. E até obras da Copa foram afetadas.
Fazenda impõe limite a pastas e ameaça cortar metas
Empresas contratadas pelo governo dizem que acumularam dívidas pela falta de pagamento. "Tem empresa em extrema dificuldade, que está se financiando para não deixar de pagar salários e fornecedores", diz Evaldo Kosters, diretor do Sindirepa (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos).
A situação, considerada um "sufoco" pelo próprio governo, é explorada pela oposição. O PT, que deve lançar a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) como candidata ao governo em 2014, acusa Beto Richa de má gestão.
O ex-governador e senador Roberto Requião (PMDB), outro possível candidato, gravou vídeo em frente a obras paradas e afirma que Richa "não começou a governar".
Pedro Ladeira -12.nov.2013/Folhapress | ||
O governador do Paraná, Beto Richa, antes da reunião no Palácio do Planalto, em Brasília |
REAÇÃO
A gestão tenta reagir. Com nova secretária desde outubro, a Fazenda fechou o cofre para reavaliar prioridades. A dívida é de R$ 700 milhões. O orçamento anual, de R$ 29 bilhões. Ou seja, o Estado deve cerca de 30% das despesas mensais.
Com metas estipuladas na campanha de 2010, o governo teme não conseguir cumprir o que prometeu. O Estado teve alta de 17% na receita neste ano, mas gastou no mesmo ritmo. Desde 2012, com a contratação de policiais e novos reajustes a professores, o Paraná atingiu o limite de gastos com pessoal fixado por lei.
E a receita de transferências federais cresceu menos que o esperado --apenas 5%. Além disso, empréstimos internacionais aprovados em órgãos como Banco Mundial não foram liberados pelo Tesouro, diante do estouro de gastos com o funcionalismo.
Mesmo sem o dinheiro garantido, o governo começou as obras a serem financiadas pelos empréstimos. "Todo mundo foi gastando e gastando", diz a secretária da Fazenda, Jozélia Nogueira. "Pensavam: amanhã sairá o empréstimo. Não saiu."
A situação, agora, é de aperto total, ainda que os empréstimos sejam esperados para breve -o Tesouro deve autorizar as operações. O salário do funcionalismo, promete o governo, está confirmado. As dívidas com fornecedores devem ser quitadas até março. Mas espaço para "respirar", diz a Fazenda, só em 2015.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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