Química da USP revê demissão de professora desaparecida na ditadura
A Congregação do Instituto de Química da USP se reúne nesta quinta-feira (17) para rever a demissão da docente e militante Ação Libertadora Nacional (ALN) Ana Rosa Kucinski, vista pela última vez há 40 anos. A revogação é considerada certa.
A reunião, revelada nesta quarta-feira (16) pelo "Estado de S.Paulo", foi confirmada pelo Instituto de Química. Trata-se de uma reação ao pedido da Comissão da Verdade da USP para reverter o caso.
Em outubro de 1975, mais de um ano após o seu desaparecimento, Ana Rosa foi demitida pela congregação –instância mais alta do Instituto de Química– sob a justificativa de abandono de emprego.
A decisão, por 13 votos a favor e 2 votos em branco, levou em consideração uma nota oficial do Ministério da Justiça pela qual Ana Rosa e o seu marido, Wilson Silva, desaparecido junto com ela, eram "terroristas" e estavam "foragidos"
Demétrius Daffara/Editoria de arte/Folhapress | ||
Depoimentos de agentes da repressão afirmam que o casal foi sequestrado em 22 de abril de 1974 e levado para um centro de interrogatório e tortura em Petrópolis (RJ). O ex-delegado de polícia Cláudio Guerra afirma que Ana Rosa, então com 32 anos, foi assassinada ali e que seu corpo foi incinerado no forno de uma usina de açúcar.
Em 1995, a reitoria da USP reverteu a demissão, e Ana Rosa passou a ser considerada desaparecida política. Mas sua família e a Comissão da Verdade da universidade consideram essa decisão insuficiente e têm exigido que a própria Congregação do Instituto de Química reveja publicamente a demissão da professora.
O Instituto também inaugurará uma escultura em homenagem a Ana Rosa na entrada do prédio, no campus da USP. Será às 15h do próximo dia 22, exatos 40 anos após o seu desaparecimento.
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