Aliado de Campos, Paulo Câmara é eleito governador de Pernambuco
O economista Paulo Câmara (PSB), 42, é o novo governador de Pernambuco. Com todas as urnas apuradas, ele somou 68% dos votos e superou o senador Armando Monteiro Neto (PTB), que obteve 31%.
Câmara assumirá o Palácio do Campo das Princesas a partir de 1º de janeiro de 2015, ocupando a cadeira que pertenceu por dois mandatos a seu padrinho político, Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em agosto. Seu vice é o deputado federal Raul Henry (PMDB), 50.
À noite, assim como durante a campanha, o nome de Eduardo Campos dominou o primeiro pronunciamento do agora governador eleito.
"Tenho hoje a plena responsabilidade da continuidade do governo de Eduardo, de honrar o seu legado, as suas ideias e os seus sonhos", afirmou.
"Aprendi muito com ele e agora é a hora de continuar o seu trabalho e a gente vai continuar sim", disse Câmara.
O governador eleito afirmou que ainda não pensa em seu futuro secretariado, que terá que abrigar os 21 partidos de sua coligação.
Indagado sobre a possibilidade de participação de algum dos três filhos mais velhos de Campos -Maria Eduarda (22), João (20) e Pedro (18)-, ele deixou a questão em aberto.
"Tanto Duda, quanto João e Pedro, os que têm idade para serem servidores públicos, eles estão estudando e são quadros que têm condição hoje de avançar muito no serviço público, se quiserem seguir o serviço público."
O PSB-PE deve se reunir nesta segunda-feira (6) para fechar uma posição em relação a quem pretendem apoiar no segundo turno. A Folha apurou que a tendência é que a legenda em Pernambuco defenda junto à direção nacional apoio a Aécio Neves (PSDB).
O pronunciamento aconteceu no mesmo hotel em que sua candidatura foi lançada pelo então governador Eduardo Campos, em fevereiro deste ano.
Câmara iniciou a disputa bem atrás de Monteiro Neto (PTB), 62. O petebista, ex-presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), competiu com apoio do PT.
O petismo ficou desgastado no Estado desde a última eleição para prefeito do Recife, mas garantiu o apoio a Monteiro Neto da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, muito popular no Estado.
Em agosto, a primeira pesquisa Datafolha da campanha mostrava Câmara com 13% das intenções de voto, enquanto Monteiro tinha 47%. A ascensão de Câmara começou logo após a morte de Campos e não parou mais.
PERFIL TÉCNICO
Servidor do Tribunal de Contas do Estado, ex-secretário de Administração, Turismo e Fazenda durante os dois governos de Campos, Câmara foi criticado por rivais pela inexperiência política.
Mas afirmou ser o "escolhido" para levar adiante o "legado" de Campos e, principalmente, capitalizou a onda de comoção proveniente da morte do ex-governador.
O discurso de que votar nele era homenagear a memória de Campos foi endossado pela família do pessebista, que participou de caminhadas, comícios e do programa eleitoral na televisão.
Militante de longa data, Câmara só se filiou ao PSB no ano passado. Seu nome, apesar de especulado desde o início, sempre ficou em segundo plano na bolsa de apostas sobre quem seria o escolhido de Campos para sucedê-lo. Acabou vitorioso na disputa entre o grupo que preferia um candidato de perfil técnico e o outro que apostava num nome de maior capital político.
Na ausência de Campos, o governador eleito agora irá disputar com o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), a liderança não só do partido, mas da coligação de 21 siglas que garantiu 10min37s de propaganda na TV e, a partir do ano que vem, dará sustentação ao governo.
Casado com uma prima de Campos, a juíza Ana Luíza Câmara, o governador eleito é pai de duas meninas, Clara (10) e Helena (5).
Agora, terá pela frente promessas de campanha como dobrar o salário dos professores da rede estadual, implementar o passe livre estudantil e o bilhete único com tarifa única, erguer ao menos uma escola de tempo integral em cada um dos 185 municípios, construir quatro novos hospitais e 20 mil novas unidades habitacionais.
SENADO
Integrante da chapa de Câmara, o ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra (PSB) foi eleito para o Senado, com 64% dos votos.
O ex-prefeito de Recife, João Paulo (PT) ficou em segundo lugar, com 35%.
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