Transferidos à PF em Curitiba, presos da Lava Jato começam a ser ouvidos
Vinte presos na nova fase Operação Lava Jato da Polícia Federal foram transferidos para a carceragem da Superintendência Regional da PF em Curitiba por volta das 4h30 deste sábado (15). Eles já começaram a ser ouvidos pelos agentes que trabalham no caso.
Apenas um dos detidos, o vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, ainda está preso em São Paulo e deve ir para a capital do Paraná nesta tarde.
O depoimento é prestado às autoridades depois do exame de exame de corpo de delito. A maioria dos presos está sob regime de prisão temporária, que tem prazo de duração até a próxima terça-feira (18). Os restantes foram presos preventivamente.
Advogados dos suspeitos vão tentar obter a soltura dos clientes por meio de pedidos de habeas corpus ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região.
Nesta sexta-feira (14), assessores da presidente consideraram "inevitável" uma reformulação na Petrobras. Não está descartada a saída de Graça Foster do comando da estatal. O Planalto quer dividir o desgaste com PT e PMDB, que indicaram diretores para a empresa. Contudo, a presidente Dilma Rousseff, que participa da reunião do G20 em Brisbane (Austrália) neste sábado, ainda não comentou sobre a operação.
Em seu discurso durante abertura da reunião com chefes de Estado dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Dilma destacou que houve pouco avança neste ano para conter a crise econômica mundial. "Os países avançados não conseguiram uma recuperação consistente e o comércio internacional não cresce o suficiente para estimular os países emergentes", destacou a petista.
SÉTIMA FASE DA LAVA JATO
A PF prendeu nesta sexta-feira (14) 21 executivos, entre eles três presidentes de empreiteiras e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, ligado ao PT, na sétima fase da Operação Lava Jato. A ação investiga o maior esquema de corrupção da história da estatal, que teria desviado recursos para políticos que apoiam o governo.
Na ofensiva da PF contra essas empresas, batizada de Juízo Final, foram presos entre os presidentes José Pinheiro Filho, da OAS, Valdir Carreira, da Iesa, e Ricardo Pessoa, da UTC. Pessoa foi apontado como coordenador do "clube", como era chamado o cartel das empreiteiras. As prisões envolveram executivos de oito dessas companhias. Na Odebrechet houve só busca e apreensão.
Dos 25 mandados de prisão, quatro pessoas ainda não foram localizadas, entre elas o lobista Fernando Soares, apontado como o operador do PMDB na Petrobras.
As empresas envolvidas criticaram as prisões preventivas e afirmaram estar à disposição da Justiça. "Era mais fácil advogar na ditadura", disse Antonio Claudio Mariz, advogado de um dos executivos da Camargo Corrêa.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que estava "envergonhado, como brasileiro, de falar sobre o que está acontecendo na Petrobras".
A operação ocorreu um dia depois de a estatal adiar a divulgação do balanço do terceiro trimestre.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
OS MANDADOS
Confira abaixo quem foi preso até a tarde deste sábado
OAS
- José Aldemário Pinheiro Filho, presidente (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Mateus Coutinho de Sã Oliveira (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Alexandre Portela Barbosa, advogado (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Fernando Augusto Stremel Andrade (condução coercitiva e busca e apreensão)
- Pedro Morollo Junior (condução coercitiva e busca e apreensão)
- Busca e apreensão na sede da empresa
CONSTRUTORA OAS
- José Ricardo Nogueira Breghirolli (prisão preventiva e busca e apreensão) PRESO
- Agenor Franklin Magalhaes Medeiros, diretor-presidente da área internacional (prisão preventiva e busca e apreensão) PRESO
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CAMARGO CORRÊA
- Eduardo Hermelino Leite, vice-presidente (prisão preventiva e busca e apreensão) PRESO
- Edmundo Trujillo (condução coercitiva e busca e apreensão)
- Busca e apreensão na sede da empresa
CONSTRUTORA CAMARGO CORRÊA
- João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Dalton dos Santos Avancini, presidente (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
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UTC
- Ricardo Ribeiro Pessoa, presidente (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Ednaldo Alves da Silva (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Walmir Pinheiro Santana (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Busca e apreensão na sede da empresa
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ENGEVIX
- Carlos Eduardo Strauch Alberto, diretor técnico (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Newton Prado Junior, diretor técnico (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Gerson de Mello Almada (prisão preventiva e busca e apreensão) PRESO
- Cristiano Kok (condução coercitiva e busca e apreensão)
- Luiz Roberto Pereira (busca e apreensão)
- Busca e apreensão na sede da empresa
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IESA
- Valdir Lima Carreiro, presidente (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Otto Garrido Sparenberg, diretor de operações (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Busca e apreensão na sede da empresa
IESA ÓLEO E GÁS
- Busca e apreensão na sede da empresa
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CONSTRUTORA QUEIROZ GALVÃO
- Ildefonso Colares Filho (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Othon Zanoide de Moraes Filho, diretor-geral de desenvolvimento comercial da Vital Engenharia (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Busca e apreensão na sede da empresa
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GALVÃO ENGENHARIA
- Erton Medeiros Fonseca, presidente da divisão de engenharia industrial (prisão preventiva e busca e apreensão) PRESO
- Busca e apreensão na sede da empresa
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MENDES JUNIOR
- Sergio Cunha Mendes, vice-presidente (prisão preventiva e busca e apreensão) PRESO
- Ângelo Alves Mendes (condução coercitiva e busca e apreensão)
- Rogério Cunha de Oliveira (condução coercitiva e busca e apreensão)
- Flávio Sá Motta Pinheiro (condução coercitiva e busca e apreensão)
- Busca e apreensão na sede da empresa
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ODEBRECHT
- Marcio Faria da Silva (busca e apreensão)
- Rogério Santos de Araujo (busca e apreensão)
- Busca e apreensão na sede da empresa
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Outros nomes estão envolvidos na operação, mas não estão identificados com alguma empresa. É o caso de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras apontado por procuradores e policiais como o principal operador do PT nos desvios da empresa e que foi preso nesta sexta.
O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB na Petrobras, entrou na lista de procurados da Interpol e do sistema nacional de procurados e impedidos. A PF tinha um mandado de prisão, mas não conseguiu localizar o suspeito de envolvimento em desvios da estatal.
O advogado dele, Mario de Oliveira Filho, ainda não tinha a definição se seu cliente vai se entregar à Polícia Federal. "O que posso dizer é que Fernando mora no Rio de Janeiro. Não está fora do país, como disseram algumas notícias absurdas. Estou em contato direto com ele", disse.
OUTROS ENVOLVIDOS
- Renato Duque, ex-diretor da Petrobras (prisão temporária) PRESO
- Luiz Roberto Pereira (condução coercitiva)
- Jayme Alves de Oliveira Filho, ligado a empresas de Alberto Youssef (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Carlos Alberto da Costa e Silva, advogado que atua para empreiteiras (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
- Adarico Negromonte FIlho, irmão do ex-ministro do Turismo Mário Negromonte (prisão temporária e busca e apreensão)
- Marice Correa de Lima, cunhada de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT (condução coercitiva e busca e apreensão)
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