'Estaremos mais próximas do que nunca', diz Dilma a Kátia Abreu
Cotada para assumir o ministério da Agricultura no próximo governo da presidente Dilma Rousseff, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) recebeu afagos e elogios da presidente durante a cerimônia de posse da peemedebista como presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), realizada na noite desta segunda-feira (15) em Brasília. Sem confirmar o nome de Kátia para o ministério, Dilma afirmou que elas estarão mais "próximas do que nunca" em seu segundo mandato.
A presidente participou da cerimônia como uma forma de "homenagear" a senadora, como explicou em seu discurso, a quem chamou de amiga e de "mulher que honra o Brasil". Apesar dos afagos, Dilma não confirmou a peemedebista como ministra.
"Hoje, Kátia Abreu, quero lhe dizer que nossa parceria está apenas começando. Nós temos quatro anos pela frente. Eu reafirmo o que disse naquela ocasião [quando participou do debate com candidatos à presidência na CNA] as reivindicações do agronegócio serão sempre uma baliza para a construção das políticas de apoio ao setor. [...] No novo mandato que se inicia, quero o produtor rural participando junto comigo, tomando as decisões com o governo e atuando diretamente na definição das nossas políticas", disse Dilma.
Alan Marques/Folhapress | ||
Dilma Rousseff participa de posse da senadora Kátia Abreu como presidente da CNA |
"Queria aqui dar os parabéns à minha amiga Kátia por todas as suas realizações passadas e por todas as suas realizações futuras. Tenho certeza que estaremos muito próximas no meu segundo governo, mais próximas do que nunca", complementou.
Kátia Abreu foi reconduzida à presidência da CNA após seis anos à frente da confederação. Em seu discurso, ela agradeceu à presidente que, para ela, "foi a primeira chefe de governo a se dispor a entender e atender a agenda tão complexa do agronegócio para além das questões partidárias".
A senadora elencou ainda os resultados do agronegócio no país, com destaque para a geração de empregos e a participação do setor no PIB (Produto Interno Bruto) do país, que em 2014, atingiu 23,3%, segundo a senadora. Dilma também afirmou que não deixará faltar recursos para o setor.
Uma das principais líderes do agronegócio no país, a senadora é contada como parte da cota pessoal de Dilma na reforma ministerial. A bancada do PMDB no Congresso não apoiou a sua indicação e ainda negocia com Dilma a composição das pastas que cabem ao partido.
A indicação de Kátia Abreu desagrada também a alguns setores da sociedade civil, principalmente, àquelas ligadas aos movimentos sem-terra, aos ambientalistas e às causas indígenas. Dentro do próprio PT a escolha não foi bem aceita. Setores do partido manifestaram desconforto com a indicação em reunião da sigla no final de novembro, em Fortaleza.
Pelo menos duas entidades manifestaram suas insatisfações diretamente à Dilma nos últimos dias. Na tarde desta segunda, a presidente se reuniu com integrantes do MST (Movimento dos Sem-Terra) no Palácio do Planalto. Segundo o coordenador nacional da entidade, Alexandre Conceição, o grupo reclamou da indicação mas Dilma não quis discutir o assunto. "Kátia Abreu representa o agronegócio, o atraso, o trabalho escravo. E representa, principalmente, em seu Estado a grilagem de terra", disse.
Na semana passada, Dilma ouviu reclamações do presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Ercílio Broch, que, em reunião com a presidente, classificou a decisão como "péssima".
Durante parte do dia, manifestantes contrários à indicação da senadora invadiram a sede da CNA, em Brasília, com faixas em apelava a Dilma para que desistisse da nomeação.
A indicação de Kátia Abreu gerou até atrito com o grupo JBS (que controla o frigorífico Friboi), maior doador da campanha de Dilma Rousseff (PT) na eleição deste ano.
Segundo a Folha apurou, estava tudo certo para que a nomeação de Kátia Abreu para a Agricultura fosse anunciada por Dilma na cerimônia desta segunda. Mas ela acabou adiada a pedido do vice-presidente Michel Temer, que quer todos os ministros do PMDB anunciados em bloco.
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