Foto mostra suspeito da máfia da merenda contando maços de dinheiro
Divulgação | ||
Carlos Luciano Lopes, ex-vendedor da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) |
Feliz, um homem tem maços e maços de dinheiro em suas mãos –com notas de R$ 50, R$ 20, R$ 10 e R$ 2– e, numa mesa, exibe essa alegria ao ser fotografado.
Não é a imagem de alguém que ganhou na loteria ou fechou um bom negócio, mas sim Carlos Luciano Lopes, ex-vendedor da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar), entidade apontada como responsável pelo esquema conhecido como máfia da merenda em São Paulo.
A foto foi apreendida na primeira etapa da operação Alba Branca, que investiga o pagamento de propina em contratos superfaturados de merenda com o governo Geraldo Alckmin (PSDB) e 22 cidades.
Ela está anexada ao inquérito policial. A operação investiga se o dinheiro exibido por Lopes é fruto de propina recebida no esquema.
O ex-vendedor foi preso em 19 de janeiro e solto após prestar depoimento em Bebedouro (a 381 km de São Paulo), cidade que abriga a cooperativa e que concentra parte da apuração –exceto a que envolve políticos com foro privilegiado, como é o caso do deputado estadual Fernando Capez (PSDB), investigado pela Procuradoria-Geral de Justiça, na capital.
A Folha não obteve contato com Lopes ou sua defesa nesta quinta-feira (14).
Em depoimento à Polícia Civil de Bebedouro em janeiro, Lopes apontou Capez, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, como um dos beneficiários do esquema de pagamento de propina em contratos superfaturados de merenda.
O deputado voltou a ser citado por presos na segunda etapa da operação, deflagrada no último dia 29. Em delação premiada, o lobista Marcel Ferreira Julio, que atuava para a cooperativa Coaf, disse que se encontrou duas vezes com Capez em 2014.
Em um dos encontros, disse ter visto Capez ligar para a Secretaria de Estado da Educação para agilizar um contrato da Coaf e, em seguida, sinalizar que queria dinheiro para sua campanha.
O deputado nega envolvimento com o esquema e alega que foi inserido "cunho político eleitoral" na operação, enquanto a "apuração legítima e isenta" da CGA (Corregedoria Geral da Administração), ligada ao governo do Estado, "demonstrou que não houve fraude nos contratos com a Secretaria Estadual da Educação".
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