Destino de Cunha está nas mãos do PRB de Russomanno
Reprodução/TV Câmara | ||
A deputada Tia Eron (PRB-BA), que pode ser o voto decisivo para cassar ou salvar Cunha |
Um dia depois da apresentação do relatório pela cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a avaliação majoritária no Conselho de Ética da Câmara é a de que o resultado da votação está nas mãos da deputada de primeiro mandato Eronildes Vasconcelos Carvalho, conhecida como Tia Eron (BA), do PRB de Celso Russomanno (SP), pré-candidato a prefeito de São Paulo.
A Folha conversou com integrantes do conselho e com líderes partidários, que apontam um placar nesta quinta-feira (2) de 10 votos contra o relatório de Marcos Rogério (DEM-RO) e 9 a favor. Caso Tia Eron vote contra o relatório, o resultado será 11 votos a 9 e Cunha deverá sofrer apenas uma punição branda, como suspensão do mandato.
Se a deputada votar a favor do relatório haverá empate em 10 a 10 e aí a cassação de Cunha será aprovada pelo voto de minerva do presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA).
Tia Eron, que é integrante da Igreja Universal do Reino de Deus, foi indicada ao conselho pelo PRB para salvar Cunha, afirmam nos bastidores adversários do deputado peemedebista.
Em sua primeira manifestação, disse ter admiração pelo trabalho de Cunha na condução do Legislativo. Em entrevista posterior à Folha, porém, afirmou serem uma "perversidade" as afirmações de que já entrou no colegiado com o voto encomendado.
Segundo deputados do conselho, apesar de ter dito nessa mesma entrevista ser "desassombrada", Tia Eron tem demonstrado abalo com a pressão sofrida de ambos os lados nos últimos dias.
A votação no conselho está marcada para a terça-feira (7), mas pode se estender para a quarta (8). Há ainda a possibilidade de que uma decisão da Mesa da Câmara pró-Cunha barre o processo, que já é o mais longo da história.
A reportagem enviou mensagem, mas não obteve resposta da deputada nesta quinta. Alguns deputados ouvidos afirmaram que sentiram da deputada indicações de que ela está disposta a votar pela cassação de Cunha.
Além do desgaste de ser responsabilizada por salvar o mandato do peemedebista, que é um dos principais alvos das investigações da Lava Jato, estaria pesando também o temor de abalo nas ambições eleitorais do PRB.
Principal nome do partido no país e no Congresso, Russomanno lidera com folga a corrida para a sucessão de Fernando Haddad em São Paulo. Pesquisa do Datafolha de novembro o aponta com 34% das intenções de voto, distante 21 pontos percentuais do pelotão de candidatos adversários.
Russomanno afirma que o PRB deu toda a liberdade para Eron agir como julgadora, de acordo com sua consciência. Ele afirmou, porém, que a posição da legenda é a adotada pelo ex-relator do caso, Fausto Pinato (SP), que era o representante da sigla no conselho e voto contra Cunha. Pinato trocou o PRB pelo PP e deixou o conselho.
Além da dúvida sobre Eron, membros da comissão afirmam que votos considerados certos para Cunha podem mudar na hora H. Citam Alberto Filho (PMDB-MA) e Sérgio Moraes (PTB-RS).
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade