Carlos Velloso diz que elo com Aécio não influenciaria gestão
Alan Marques - 9.nov.2016/ Folhapress | ||
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) |
Amigo da família e advogado do presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), o ex-ministro do STF Carlos Mário Velloso afirmou que a proximidade com o senador não vai influenciar em suas ações caso aceite o cargo de ministro da Justiça. Velloso conhece Aécio desde que o tucano tinha 22 anos.
O escolhido de Michel Temer para o lugar de Alexandre de Moraes defende o tucano em duas investigações no Supremo Tribunal Federal. O ministro Gilmar Mendes é o relator dos dois inquéritos.
Aécio foi acusado pelo ex-senador Delcídio do Amaral, em delação premiada, de ter maquiado dados na CPI dos Correios e de receber propina em esquema de corrupção em Furnas, o que o tucano nega.
Foi Velloso também quem assinou um parecer em defesa de seu cliente no caso do aeroporto de Cláudio (MG), revelado pela Folha em 2014.
No documento, o ex-ministro afirmou que o procedimento adotado por Aécio foi "correto". O governo de Minas Gerais gastou quase R$ 14 milhões para construir o aeródromo, dentro de uma fazenda de um parente do senador, no fim do seu segundo mandato como governador do Estado.
"Cada um sabe dos limites e das funções que exerce. Não tem nada a ver. Não haveria a menor hipótese de ajudá-lo. Vou continuar amigo dele, claro", declarou.
Nas ações em andamento, o provável futuro ministro da Justiça diz não cobrar honorários de seu cliente do PSDB. Pelo parecer que deu no episódio de Cláudio, recebeu R$ 58 mil, segundo registros do Tribunal Superior Eleitoral. "Eu não queria. Mas recebi. Emiti nota fiscal e recebi tudo certinho", disse.
No Supremo, nos inquéritos de Aécio, Velloso faz parceria com o escritório Alckmin Advogados. Foi desse escritório, inclusive, as provocações ao TSE para investigação da chapa Dilma/Temer na eleição de 2014.
Velloso cuida também de um caso do deputado Afonso Motta (PDT-RS), citado pela PF na Operação Zelotes, que investiga um esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, órgão vinculado à Fazenda.
O ex-ministro do STF é descrito por outros advogados como "selecionador" de casos, dando preferência a pessoas próximas. É apontado como alguém que atua mais como consultor do que na linha de frente dos processos.
Ficou no STF de 1990 a 2006, quando se aposentou. Em seu escritório, os filhos Carlos Filho e Ana Flávia atuam em processos em tribunais superiores.
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