Odebrecht diz que repassou a Skaf e Palocci a pedido de Steinbruch
Fabio Braga - 25.ago.2014/Folhapress | ||
O publicitário Duda Mendonça conversa com Paulo Skaf (PMDB) em debate nas eleições de 2014 |
O empresário Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo baiano, disse em delação premiada que, a pedido de Benjamin Steinbruch, diretor-presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), repassou R$ 14 milhões a Antônio Palocci e R$ 2,5 milhões a Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Steinbruch é também primeira vice-presidente da Fiesp e colunista da Folha.
O repasse teria sido feito "em razão de compromisso assumido" por Steinbruch com o PT, segundo a delação.
Como não há pessoas com foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, enviou o material para a Procuradoria da República no Paraná.
Segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), que tomou o depoimento de Marcelo Odebrecht, as declarações têm conexão com processos que correm no Paraná.
O STF tornou públicos os documentos relativos à delação da Odebrecht na noite desta terça (11).
Procurado desde quarta (12), Steinbruch não respondeu à reportagem.
INVESTIGAÇÃO
O ministro Edson Fachin determinou a abertura de inquérito contra oito ministros do governo Michel Temer (PMDB), 24 senadores e 39 deputados federais. Serão abertas 76 investigações pedidas pela Procuradoria-Geral da República após as delações da Odebrecht.
Entre os citados estão os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB). Dois dos principais aliados de Temer, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secreraria-Geral), também estão na lista, que abrange ainda os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros, do PMDB, e Aécio Neves (PSDB).
No total a relação tem 98 nomes e inclui três governadores e um ministro do Tribunal de Contas da União. Algumas suspeitas da Procuradoria são corrupção, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, fraude e cartel. Fachin remeteu 201 outros casos a tribunais de instâncias inferiores envolvendo citados sem foro no Supremo –entre os mencionados estão os ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso.
Os inquéritos iniciam longo trâmite. Investigarão o teor das delações, que precisarão de provas adicionais para tornar-se efetivas. Ainda há as fases de denúncia e do processo, com ampla defesa, antes do julgamento.
(LETÍCIA CASADO, BELA MEGALE, CAMILA MATTOSO, REYNALDO TUROLLO JR. e RANIER BRAGON)
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