Praça das Artes abre na quarta-feira já com projeto de ampliação
Aguardada pela cidade desde 2006, a Praça das Artes começa a ganhar vida. Está marcada para a próxima quarta (5) a inauguração do bloco destinado às escolas de Música e Dança. Mas o projeto, que chega com a missão de ajudar a requalificar o entorno do vale do Anhangabaú, na região central, já nasce apertado e com um projeto de ampliação no bolso.
"As escolas estão um pouco reprimidas", diz o secretário municipal de Cultura, Carlos Eduardo Calil. Segundo ele, o plano foi feito com base na demanda das duas escolas e dos sete corpos artísticos do Theatro Municipal em 2007, quando foi elaborado.
"Ninguém pensou em uma ampliação futura. A situação era muito precária." Isso porque as escolas funcionavam em espaços um tanto improvisados -a de Dança, sob o viaduto do Chá, e a de Música, em um casarão na rua Vergueiro, zona sul.
Antes mesmo da inauguração dos dois blocos, o projeto executivo da ampliação para um terceiro já está pronto, e as desapropriações dos quatro prédios necessários para sua construção, em fase final. A implantação, porém, é decisão da próxima gestão.
Já certa -com verba prevista- é a finalização das obras do segundo bloco, onde ficarão as salas de ensaio dos corpos estáveis do teatro, entre eles o Balé da Cidade. A previsão é que fique pronto até o fim de 2013.
Até agora foram gastos na praça R$ 136 milhões. Outros R$ 16 milhões são necessários para a conclusão do bloco dos corpos artísticos.
A região da quadra 27, onde foi construída a praça, é considerada pela prefeitura área estratégica para promover a reocupação do centro histórico. "Essa quadra tinha uma coleção de construções de baixíssima qualidade, subaproveitadas, e há décadas pedia uma transformação", diz Francisco Fanucci -ele e Marcelo Ferraz foram os arquitetos do escritório Brasil Arquitetura responsáveis pelo projeto.
Para Marcos Cartum, arquiteto da prefeitura e também autor do desenho da praça, a área livre de 4.800 m² no térreo interligando as ruas Formosa e Conselheiro Crispiniano e a avenida São João "cria a oportunidade de dar um sentido mais público ao espaço".
Fotos Pedro Vannucchi/Folhapress | ||
Inspirada nas galerias típicas da região central, essa passagem terá um restaurante com mesas ao ar livre na face que dá para o vale do Anhangabaú. O objetivo, segundo Cartum, é fazer o público se apropriar do espaço.
Já a concepção arquitetônica dos edifícios tem o concreto aparente, os grandes vãos-livres e as janelas de disposição irregular como marca, com exceção das fachadas do Conservatório Dramático e Musical e do antigo Cine Cairo, que foram restauradas e pintadas de branco.
"O conservatório deixou de ser um objeto isolado em si mesmo para ser abraçado por uma arquitetura contemporânea com aspecto brutalista", diz Cartum. O brutalismo, com uso intenso do concreto armado, é caraterística do modernismo brasileiro.