Protesto em SP pede explicações sobre desaparecimento de pedreiro na Rocinha
Os paulistanos também querem saber, afinal de contas, onde está o Amarildo.
Uma manifestação marcada para a próxima quinta-feira (1º de agosto), às 17h, em frente à prefeitura de São Paulo, vai engrossar o coro dos que pedem explicações ao Governo do Estado do Rio de Janeiro sobre o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, 47.
Ele sumiu há 12 dias, quando foi algemado e levado por policiais militares para a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha (zona sul do Rio). Segundo parentes e vizinhos, Amarildo limpava peixes na porta de casa quando foi abordado por policiais militares que o "levaram para averiguação".
O evento na capital paulista já tem 500 confirmados. A ideia dos organizadores é partir do caso Amarildo para questionar outros desaparecimentos e mortes em bairros pobres da periferia de São Paulo.
Protestos contra desaparecimento na Rocinha
As gravações das 80 câmeras de segurança da UPP não mostram o pedreiro deixando o local. Segundo a PM, ele foi confundido com um homem chamado Guinho, suspeito por tráfico de drogas, e liberado em seguida. Ainda assim, os quatro policiais investigados no caso foram afastados.
"Esse ato está sendo chamado pela mobilização contra o genocídio na periferia", diz Andreza Delgado, uma das organizadoras do protesto em São Paulo. "[Queremos] o fim da violência policial. A luta é pelo fim do sumiço de tantos Amarildos que existem no país", diz.
OUTRO LADO
Na manhã desta quarta (24), o governador Sérgio Cabral (PMDB) se reuniu com a esposa e três sobrinhos do pedreiro. Em vídeo publicado na internet, ele classifica o episódio como uma "barbaridade", diz que a história o deixou "muito impactado" e que a "esperança é a última que morre".
Cabral prometeu prender os responsáveis pelo sumiço, "tenham farda ou não tenham farda".
Em entrevista à Folha, Elizabeth Gomes da Silva, mulher de Amarildo, disse não ter mais esperanças. "Ele é trabalhador. Tenho certeza que ele está morto."
No dia 19, moradores da Rocinha protestaram contra a violência policial e fecharam duas pistas da autoestrada Lagoa-Barra, que liga a zona sul à zona oeste do Rio de Janeiro.