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Serafina

Trabalho escravo: a nova leva de vítimas da moda

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Neste mês, a moda virou caso de polícia no noticiário, mais uma vez.

A Zara foi acusada de contratar uma empresa que mantinha pessoas em regime análogo ao de trabalho escravo em São Paulo. Na sequência, uma série de marcas foram incluídas na "banda podre" da indústria fashion.

As redes sociais ficaram lotadas de mensagens indignadas, e algumas providências legais e punições foram postas em prática. Que paguem o preço das punições estabelecido pela lei, é o mínimo. Boicotar as marcas que foram pegas em flagrante emerge como nova moda entre os militantes.

Trata-se, claro, de uma falsa solução. E se essa ideia fosse pensada ao extremo? Queimaremos na fogueira nossas roupas a cada nova denúncia e nunca mais entraremos nas lojas acusadas. Mas, na solidão de provadores supostamente inocentes, nos perguntaremos em segredo: será que aqui também?

Reprodução
Neste mês, a moda virou caso de polícia no noticiário, mais uma vez
Neste mês, a moda virou caso de polícia no noticiário, mais uma vez

E, chegando em casa com nossas sacolas, ligaremos a TV, postaremos um desabafo no Twitter, curtiremos abaixo-assinados no Facebook e, olhando para todos os nossos aparelhos eletrônicos "Made in Algum Lugar Suficientemente Distante Daqui", ouviremos a voz insistente: será que eles?

Nervosos, sairemos às ruas e até marcharemos num protesto decorativo. E os tênis, os sapatos de couro e os chinelos de borracha perguntarão: será que nós?

Voltaremos às paredes e tentaremos dormir. Mas, ai, mesmo nos sonhos, a insuportável pergunta. Um pesadelo de objetos, sacolas, grifes, preços: será que tudo?

Dormir já não poderemos, e, assustados, arrancaremos os pijamas suados, levantaremos para lavar o rosto e, diante do espelho, ao encarar nossos olhos, desviaremos o rosto e nos perguntaremos num grito: será que eu?

Derrotados, culpados e humilhados, olharemos para nossas mãos cheias de linhas e desejaremos acima de tudo e de todos desmanchar a costura em que nos enredamos. Ajoelhados diante do vaso, vomitaremos correntes.

Em silêncio, entraremos em garagens e em ônibus, tudo parecerá igual, mas a certeza imposta estará morta e a pergunta virá libertadora: O que será que será?

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