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Serafina

Fabricantes de cosméticos incentivam fim do Photoshop

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Um dos assuntos da semana foi o rostinho 100% natural de Cate Blanchett na capa da "Intelligent Life", título de estilo e comportamento da revista "The Economist". A foto foi publicada sem nenhuma correção feita com o auxílio Photoshop.

As revistas femininas, que usam o recurso de correção de imagens em níveis extremos, comemoram a iniciativa alheia. Cate, 42, exibe suas rugas discretas e está, obviamente, linda. As polainas fogueteiras já comemoram uma nova era dedicada à verdadeira beleza e ao fim do "look" plastificado.

De fato, o rosto da atriz é um alívio estético diante de olhos tão acostumados a peles com textura de borracha, lábios que parecem picados por um enxame de vespas e seios que lembram almofadas d'água.

Reprodução/The Economist
Cate Blanchett na capa da "Intelligent Life"; fabricantes de cosméticos querem fim do Photoshop
Cate Blanchett na capa da "Intelligent Life"; fabricantes de cosméticos querem fim do Photoshop

Mas o discurso que legitima esse tipo de opção como tendência traz com ele uma justificativa mercadológica.

Vejamos. Os corpos 100% perfeitos, sem nenhuma marca de expressão, são irreais. Correto. Funcionam como fantasias inalcançáveis, por mais que as mais afoitas tentem consegui-los com a ajuda de cirurgias, implantes e outras alterações físicas.

Mas, até mesmo para as marias-bisturi, os resultados têm limites. Sejam eles a permanência de algumas rugas, sejam a transformação das pacientes em seres humanos dotados de bico e bochechas infantilizadas, estilo Brunete Fraccaroli.

E, enfim, esse lance de inalcançável está se mostrando pouco lucrativo. Mesmo com todos os recursos disponíveis, as consumidoras começaram a relatar seu descontentamento crescente diante do espelho.

Ironicamente, campanhas por imagens mais reais têm como principais interessados os fabricantes de cosméticos.

Cate Blanchett sem Photoshop é uma bela mulher com rugas. Mas com ótima pele. Ultra bem tratada. Sem manchas. Coisas que uma série de tratamentos estéticos não invasivos podem fazer por qualquer mulher. Pelo menos por qualquer uma disposta ou com recursos suficientes para pagar por eles.

Cremes anti-idade, maquiagem de alta definição, produtos de múltipla ação, tudo isso andava escondido sob muitas camadas de "make" digital. E a indústria da beleza, grande anunciante das revistas e suplementos de estilo e comportamento, começou a perceber que estava marcando gols contra.

Será bom, é claro, ver mais mulheres verdadeiras em capas mundo afora. Há muita beleza viva a ser mostrada.

Mesmo assim, para grande parte da humanidade, o acesso a um arsenal que permita chegar aos 40 ou aos 50 com "cara de Cate" (e isso inclui, além de cosméticos, alimentação, exercícios e genética) é quase tão irreal do que um par de peitinhos absurdamente redondos e com design não compatível com a lei da gravidade.

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