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Serafina

Ex-amante de Andy Warhol, Billy Name expõe em SP fotos do ateliê do artista pop

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Ele estava lá o tempo todo, camuflado como uma "cobra na grama". Só que aquela era uma floresta metálica, movida à purpurina e anfetaminas.

Billy Name fotografou cada momento da vida na Factory, o mítico ateliê de Andy Warhol em Nova York, de um ponto de vista só dele -foi amante do artista, de quem ganhou sua câmera Pentax Honeywell 35 milímetros, e tinha acesso irrestrito à rotina nada normal do estúdio mais célebre da história da arte.

Todos os ateliês de Warhol, que morreu aos 58, em 1987, ficaram conhecidos como Factory, ou fábrica, mas só esse, na rua 47, ao leste da Quinta Avenida, tinha as paredes forradas de papel-alumínio -uma ideia de Billy. E, por isso, ganhou a alcunha de Silver Factory, a fábrica prateada, que funcionou até 1968.

"Virou um lugar elétrico, de alta voltagem", lembra. Billy exibe suas imagens na inauguração do Plataforma, centro cultural que abre com esta mostra, no bairro da Bela Vista, em São Paulo.

Quando conheceu Warhol, Billy era garçom do Serendipity 3, um café que até hoje atrai chiques e famosos e fica perto da antiga Factory, no Upper East Side, em Nova York. Era 1959. Num dia, depois do trabalho, Warhol deu uma esticada até o apartamento de Billy e viu que tudo estava coberto de papel-alumínio e pintado de spray prateado.

"Andy ficou muito impressionado e quis que eu fizesse a mesma coisa no ateliê", lembra. "Cobri as paredes de prata e depois fui morar lá também."

Billy Name se juntou à turma elétrica da Factory e começou a registrar tudo o que testemunhava. Via Warhol filmando curtas com as artistas e socialites Brigid Berlin e Edie Sedgwick e os ensaios da banda Velvet Underground com a cantora alemã Nico, que morreu em 1988.

"Tudo era turbinado por aquela atmosfera artística, fazia todo mundo ficar hiperativo, despertava muitas emoções. Virou quase uma parte do meu sangue. E também aconteciam orgias eventuais ali."

RELAÇÃO COM ANDY WARHOL

Hoje, com 72 anos, o fotógrafo ainda fala de Warhol como um "artista maravilhoso, mágico". "Ele tinha uma aura especial mesmo", diz. "Sentia uma energia estranha só de estar do lado dele, pela forma como olhavam para a gente, pelo que escreviam nos jornais sobre ele. Eu vi Andy ficar famoso. Num momento, ele estava no topo do mundo. Era glorioso ter aquele tipo de poder, mas também muito doloroso."

Era a dor dos outros, esmagados e ofuscados pela fama de Andy Warhol. Nesse cenário, até o romance acabou. "O amor foi sumindo, e o trabalho, a fotografia e os filmes ficaram mais importantes para a gente", lembra Billy. "Nos apaixonamos pelo trabalho."

Billy Name estava lá quando Warhol montou e expôs suas famosas réplicas da caixa de Brillo, uma marca de sabão em pó. Também fotografou o artista diante de um autorretrato dele. No quadro atrás dele no sofá, Andy fita a câmera de olhos abertos. Em primeiro plano, aparece de olhos fechados.

Essa "justaposição filosófica", como diz o fotógrafo, foi questão de escolha, como se a história da Factory devesse ser editada assim, como um tempo que passou num piscar de olhos.

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