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Serafina

Visto como o quarto "Beastie Boy", o produtor Mario Caldato já viveu 30 milhões de discos

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A casa parece uma loja abandonada, trancada com um grosso cadeado, vizinha de uma mecânica numa grande via de Eagle Rock, bairro de Los Angeles. Dentro, o clima é outro, íntimo e aconchegante, com as paredes pintadas de verde, azul e amarelo, decoradas com pôsteres de Bob Marley, Seu Jorge e Rolling Stones.

O dono do espaço chega com uma marmita na bolsa, acende um incenso e o leva de sala em sala, como num ritual.

Flavio Scorsato
o produtor musical Mario Caldato - foto de Flavio Scorsato
O produtor musical Mario Caldato já produziu nomes como Björk, Moby e Beastie Boys

"É para limpar o arzinho, tirar os espíritos velhos. Aqui não tem janela, you know?", diz o produtor musical Mario Caldato Jr., num português com um leve sotaque gringo. Um espaço tomado por prateleiras guarda uma coleção de sintetizadores antigos, como um Korg 770, e o banheiro apertado conserva alguns de seus discos de platina, colecionados ao longo de 30 anos de carreira e mais de 30 milhões de álbuns vendidos.

A decoração do estúdio faz jus à fama do produtor nascido em São Paulo, criado em Los Angeles desde os dois anos e eternizado na voz dos Beastie Boys em "Intergalactic": "Mario C likes to keep it clean", canta Mike D na música de 1998 (numa tradução livre, "Mario C gosta de manter tudo limpo").

"Eu era o primeiro a chegar e o último a sair do estúdio. Os caras vinham, bagunçavam tudo. E eu gostava de deixar as coisas em ordem", explica Mario, 52, que trabalhou em quatro discos do trio nova-iorquino, incluindo "Check your Head" (1992), seu favorito, que levou três anos para ser feito, num estúdio com quadra de basquete em LA.

Quando Adam "MCA" Yauch morreu, em 2012, Mario declarou ter guardadas cerca de uma dúzia de músicas inéditas da banda, mas que nunca devem ver a luz do dia. "Acho muito difícil que elas sejam lançadas porque ele era o capitão da banda. Os outros dois caras gostavam de ser guiados."

Sempre lembrado pelo posto imaginário de quarto Beastie Boy, Mario também trabalhou com Beck, Björk e Moby, sem contar os músicos brasileiros a quem tem se dedicado na última década.

Em 2004, ele foi morar no Rio de Janeiro com a mulher brasileira e as duas filhas, mas voltou aos EUA depois de cinco anos. "O Rio é um lugar lindo, com pessoas boas. Mas tem estresse, não é tão relaxado", diz o produtor, que foi assaltado no carro com a família logo na segunda semana de casa nova no Leblon. Na sequência, comprou um carro blindado.

Foi no Brasil que ele produziu seu primeiro disco ganhador de Grammy e fez sua primeira incursão no samba, com "Universo ao Meu Redor", de Marisa Monte. Com um brasileiro, Caldato tem sua parceria mais duradoura, desde 1997: leva o nome de Marcelo D2 até no boné que usa na entrevista.

Atualmente, Mario trabalha numa faixa de Bebel Gilberto e tem no forno três possíveis discos de Seu Jorge. "Música tem que mexer com seu físico todo, não só passar pela orelha."

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