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Serafina

Da alta-costura ao camelô, Frida Kahlo é novo Che da iconografia pop

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Em "Personal Che", documentário de 2007, o carioca Douglas Duarte e a colombiana Adriana Mariño partem pelo mundo em busca do significado contemporâneo de Che Guevara (1928-1967). O retrato do guerrilheiro argentino surge em passeatas neonazistas na Alemanha, no peito de políticos chineses, nas altas-rodas nova-iorquinas e nas lojas de souvenir planeta afora.

"Todo mundo pode interpretá-lo como quiser", afirma, no documentário, o jornalista americano Jon Lee Anderson, autor de "Che Guevara, Uma Biografia" (Objetiva, 2012). "Ele simboliza o desejo de mudar o mundo."

Bruno de Oliveira

Também símbolo de irreverência e transgressão, Frida Kahlo (1907-1954) escalou o panteão dos mitos maleáveis cuja imagem supera a ideologia. Assim como Guevara. Estampada em capas de almofada e camisetas de camelô, inspirando coleções de estilistas como Jean Paul Gaultier e Riccardo Tisci, nas redes de fast-fashion, símbolo de feministas e patrona de blocos de Carnaval, o consumo da imagem da artista mexicana, um fenômeno recente, está por todo lado.

O "New York Times", em artigo publicado em maio, constatou: "Frida is having a moment" ("Frida está na moda", em tradução livre). Segundo o jornal americano, a "Fridamania" veio para ficar.

"Ela é uma referência atemporal, uma mulher forte, uma personalidade incomum, autêntica. Esteticamente, era colorida, romântica, étnica", diz a diretora de estilo da Farm, Kátia Barros, que se inspirou na pintora para fazer a última coleção de verão da grife. "Foi uma das nossas mais bem-sucedidas coleções."

Para além da moda, há uma avalanche de estudos acadêmicos, livros e exposições inusitadas do legado da artista. O jardim botânico de Nova York inaugurou em maio a mostra "Frida Kahlo: Art, Garden, Life", que recria o luxuoso jardim da "Casa Azul", em que ela colecionava plantas tropicais.

Em São Paulo, o Instituto Tomie Ohtake prepara para setembro uma exposição com trabalhos de dez surrealistas latino-americanas. Frida é o carro-chefe.

"Há poucas pinturas dela no mundo. Picasso tem cerca de 10 mil. Dalí, 2.000. Frida, umas 200. É dramático montar uma exposição dela. Conseguimos 20 quadros", diz Ricardo Ohtake, presidente do museu. "Ninguém explica esta febre de Frida. Na minha opinião, tem origem política. A ciência política mundial quis eliminar os leninistas e enaltecer os trotskistas. Frida e Diego Rivera, seu marido, eram trotskistas e sobreviveram artisticamente. Ela foi amante de Trótski, inclusive."

Em 1985, uma pintura da artista encalhou num leilão da Sotheby's. Dez anos depois, a mesma Sotheby's vendeu um quadro seu por US$ 3 milhões.

A Frida de cada um pode custar caro. Ou baratinho. Na avenida Paulista, o camelô Armando da Silva Júnior, 34, vende toda sorte de objetos com a imagem da artista, de calcinhas a arcos de cabelo. Nada custa mais do que R$ 30. O produto que mais sai são as calcinhas. "Essa mulher é feia demais. Não entendo porque o povo gosta", diz o camelô.

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