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Serafina

Corruptos e degenerados estão por toda parte, não só no Brasil

Bruno Oliveira Santos
Ilustração de Bruno Oliveira Santos para a coluna Zooropa da Serafina.#serafina89
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No mundo ocidental inteiro —da Grécia à Argentina, da França ao Canadá—, assistimos diariamente à derrocada do modelo liberal democrático. Idiossincrasias à parte, a história é quase sempre a mesma: o aconchegante conúbio de grandes corporações com uma mídia vendida e uma classe política inescrupulosa corrompe o sufrágio universal e macula o processo democrático.

Mas, no Brasil, tem-se a impressão de que certas coisas só acontecem no país. Quantas vezes já ouvi: "Corrupção e impunidade como temos aqui não se vê na Europa". É um narcisismo ao avesso que nos leva a crer que somos especialmente corruptos e degenerados.

Tony Blair, um dos políticos mais importantes da história recente da Europa, o bom moço que ressuscitou o partido trabalhista britânico, invadiu o Iraque para depor Saddam Hussein e conquistar poços de petróleo.

A desculpa esfarrapada eram as armas de destruição de massa -que comprovadamente nunca existiram. Mentiu para o seu povo, desrespeitou a lei internacional e, ao deixar o cargo, abriu uma firma de consultoria que tem como clientes, entre tantos outros governos ditatoriais e corruptos, os mesmos Emirados Árabes que se uniram a ele e financiaram a cruzada da hipocrisia anti-Saddam.

A fortuna de Blair hoje é calculada em US$ 150 milhões. Para cada Lula no mundo temos uma Odebrecht.

E o que dizer de Silvio Berlusconi? O ex-premiê italiano, uma espécie de cruzamento de Silvio Santos com Paulo Maluf, dominou a cena política do país por quase vinte anos.

Esteve comprovadamente envolvido com evasão fiscal, corrupção ativa, colaboração com a máfia e até prostituição de menores -e nunca foi (nem será) preso.

Há, ainda, o escândalo abafado do governo grego com a Siemens alemã, a evasão fiscal da irmã do rei da Espanha, o escândalo do ex-primeiro-ministro israelense Ehud Olmert com os empreiteiros em Jerusalém etc.
A malandragem e a impunidade estão muito longe de ser um apanágio nacional.

Leio nauseado os jornais estrangeiros nesta segunda-feira (17), após os atos anticorrupção no Brasil. Tinha jurado não unir minha voz à histérica cacofonia. Mas fica difícil silenciar, pois me sinto afogado até o pescoço nesse mar de lama.

Tinha alguns familiares na avenida Paulista. Também havia amigos do ginásio e gente querida fazendo parte de uma multidão que o jornalista Bruno Torturra definiu com muita razão como "tosqueira ideológica, cosplay patriótico, cafonice histriônica, moralismo seletivo e flerte molhado com a corrupta e assassina força policial".

Não queremos admitir que há um Zé Dirceu dentro de nós. E que há um Cunha, uma Dilma, um Aécio e um Bolsonaro se digladiando em nossos peitos. Tem até um Collor no Senado de nossas Brasílias interiores. "Desgraçada Mente", de nada adianta caçar essa turma no cerrado se os deixarmos impunes e soltos dentro de nós.

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