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Serafina

Diretor de 'Birdman' faz DiCaprio madrugar na neve em novo filme

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Quando Alejandro González Iñárritu subiu ao palco do Dolby Theatre para receber as estatuetas do Oscar de direção e melhor filme por "Birdman", em fevereiro passado, ninguém imaginava que o diretor mexicano já estava metido em outra encrenca, bem maior que os longos planos sem corte de seu longa com Michael Keaton.

Àquela altura, Iñárritu andava soterrado nos desafios de "O Regresso", seu novo projeto, passado no início do século 19 e que tem Leonardo DiCaprio no papel do explorador Hugh Glass. Boatos pululavam pelos corredores hollywoodianos de que as filmagens no Canadá estavam sendo um "inferno" por causa das excentricidades técnicas do cineasta.

"Foram as filmagens mais difíceis da minha vida", admite o mexicano, sentado em um sofá com pôsteres de "Birdman" ocupando boa parte das paredes de seu escritório em Santa Monica, na grande Los Angeles. "Mas nunca menti para ninguém que seria um passeio no parque. Leo relutou no início, mas, depois, entendeu o projeto e se entregou de forma apaixonada."

A ambição que muitos rechaçam em Iñárritu —mas que lhe rendeu as melhores críticas da sua carreira e os Oscar—, será novamente colocada à prova em "O Regresso". Além dos planos longos sem muitos cortes e das filmagens em ordem cronológica, ele decidiu —junto do seu diretor de fotografia, o aclamado Emmanuel "Chivo" Lubezki— rodar todo o longa usando apenas luz natural. "Não há uma única luz artificial no filme. Queria jogar os atores em uma pintura, mas sabia dos inconvenientes: começamos a trabalhar no outono do hemisfério Norte e fomos até o inverno."

A decisão deixou a equipe em estado de nervos. Os atores precisavam estar a postos por volta das 4h30 e a luz certa só durava cerca de duas horas, o que os forçava a trabalhar de forma rápida. "Precisamos nos planejar com muita antecedência e ensaiar de forma exaustiva, porque havia muitas possibilidades de falhas", relata o mexicano.

DiCaprio passa boa parte do filme sem falar e precisou trabalhar as expressões do corpo e do olhar. "Foi neste momento que me dei conta de que ele está nessa profissão há 30 anos, mas parece se esquecer de como é talentoso."

VEJA O TRAILER DE "O REGRESSO", QUE ESTREIA EM FEVEREIRO

VEJA O TRAILER DE "O REGRESSO"; QUE ESTREIA EM FEVEREIRO

DO NORTE AO SUL

Apenas a cena final foi feita em Ushuaia, na Argentina. Em meio a temperaturas que chegavam a -25ºC, um figurante teria se machucado após ser arrastado na neve. "A segurança da equipe nunca foi comprometida, mas precisei parar duas vezes porque não conseguia sentir meus dedos depois de 20 segundos fora da tenda", revela Iñárritu.

"A natureza está cagando para Hollywood, mas essa é a beleza assustadora dela. Com essas temperaturas, acidentes acontecem e há riscos. Mas foi bom porque nos tornamos um pouco aqueles aventureiros", diz o cineasta.

Ele afirma que DiCaprio e Tom Hardy (de "Mad Max") sabiam que seriam submetidos a situações extremas. No longa, Hardy interpreta John Fitzgerald, homem que deixa Glass (DiCaprio) à beira da morte e que vira objeto de vingança do companheiro. "Aqueles caras eram aventureiros de verdade, não tinham GPS ou outros equipamentos, e não sabiam o que tinham pela frente em uma terra inexplorada. Hoje em dia, se não temos wi-fi já começamos a reclamar. Somos uns maricas patéticos."

Com estreia no Brasil prevista para fevereiro do ano que vem, "O Regresso" é baseado no caso verídico relatado no livro "The Revenant: A Novel of Revenge", de Michael Punke.

Para Iñárritu, há diversas leituras possíveis do texto: uma delas é a sobrevivência; outra remonta "à origem do capitalismo americano". Questionado se é um filme sobre a imigração, ele diz que não.

"O México era dono de metade dos Estados Unidos. Havia canadenses, ingleses, nativos, escravos. Era um caldeirão racial e acho que estamos vivendo situações semelhantes hoje em dia no mundo, mas [o filme] não é sobre imigração, e sim sobre a complexidade da relação entre diferentes raças, de como somos incapazes de compreender que não somos inimigos", filosofa.

Latino e morador de Los Angeles, o diretor faz uma ligação de seu projeto com o milionário Donald Trump, pré-candidato a presidente dos EUA com ideias reacionárias anti-imigração. "O roteiro é sobre o desejo de o ser humano passar por cima do próximo para alcançar o que deseja. É uma ganância que nunca é suprida. Trump, por exemplo, é um milionário, mas não está satisfeito. Precisa ser presidente. Mesmo assim, não deixará de ser frustrado", alfineta.

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