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Serafina

'Se quiser boicotar, ok', diz estilista da D&G, que defende família tradicional

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Das muitas grifes italianas, a Dolce & Gabbana foi a que melhor combinou com o armário das brasileiras. Prova disso é que a marca conseguiu, segundo seus estilistas, faturar no país mais com roupas do que com bolsas e sapatos, acessórios que costumam sustentar as etiquetas internacionais por aqui.

Quando abriram a primeira loja de operação própria no Brasil, em 2013, no shopping JK Iguatemi, em São Paulo, os estilistas Domenico Dolce, 57, e Stefano Gabbana, 53, não previam sete pontos da grife em cinco cidades -a sétima loja abrirá em julho, no Rio.

Divulgação
Os estilistas italianos Domenico Dolce, 57 e Stefano Gabbana, 53
Os estilistas italianos Domenico Dolce, 57 e Stefano Gabbana, 53

Dolce também não pensava que passaria a vir ao Brasil com tanta frequência. Em 2015, o estilista conheceu o relações-públicas brasiliense Guilherme Siqueira, com quem namora desde então.

"O Brasil é um país onde se pode fazer tudo. Se você quer ver arquitetura, vai a Brasília, se é para negociar, a São Paulo, e para se divertir, o Rio. É como Roma, Milão e Veneza, cada cidade tem uma personalidade única", diz Dolce.

Aparentemente mais tímido do que Gabbana, sua outra metade na marca e ex-namorado na juventude, foi ele quem recebeu Serafina em um hotel da capital paulista para falar pela dupla, horas antes da festa que fizeram na cidade.

Até o início da madrugada, os dois dançaram com clientes e celebridades na pista armada no shopping JK, embalados pelo som da funkeira Anitta. Na pista, as mulheres vestiam as estampas berrantes, as rendas e a silhueta justa que fizeram a fama da grife desde a sua fundação, em 1985.

"Aqui há mulheres incríveis. Tem aquela loira [a atriz] Grazi Massafera. Ela é maravilhosa. Particularmente, amo [a socialite e ex-modelo] Andrea Dellal. É linda e não é obcecada pelos efeitos do tempo", diz, citando a "jet setter" brasileira.

Não há meio termo no mundo extravagante da Dolce & Gabbana, que ou fascina ou provoca ojeriza nos fashionistas. Como no caso do artista plástico brasileiro Romero Britto, que dias atrás compartilhou fotos trajando o terno sob medida assinado pela dupla, com tecido estampado como seus quadros coloridos.

"Sim, somos extravagantes. Extravagância é mostrar aos outros o carisma que se tem. Se você é diferente do que a massa costuma ser, é extravagante. Alguém é extravagante quando compartilha o que tem dentro de si", diz Dolce.

Mas é engano achar que a trajetória da marca é apenas envolta nessa redoma colorida e feliz. Nos últimos três anos, a dupla foi condenada a uma multa de 500 mil euros por evasão fiscal na Itália.

FAMÍLIA

Outra polêmica começou numa entrevista à revista italiana "Panorama", em março de 2015. Dolce chamou de "crianças sintéticas" aquelas nascidas por fertilização "in vitro" e disse que "a única família é a tradicional", criticando os casais homossexuais que adotam crianças. Não tardou até hashtags pedindo o boicote à marca tomarem as redes sociais.

O movimento foi apoiado por gente como Madonna e Elton John. "Você acha que me importo? É impossível as pessoas amarem tudo o que você faz. Isso é democracia. Se alguém ama demais uma coisa, algo está errado, não acha?", disse ele sobre o boicote.

E não voltou atrás em suas declarações. "Tenho um conceito muito tradicional de família. Amo o significado de família. Se você quer ser moderno, tudo bem. Se quiser boicotar, tudo bem, não compre", diz o estilista, dando por encerrado o assunto.

Família, aliás, é o centro das novas campanhas de marketing da Dolce & Gabbana, conhecida pela imagem hipersexualizada vendida anos atrás, com corpos definidos e entrelaçados nos anúncios. Agora, famílias da Sicília, terra natal de Dolce -Gabbana nasceu em Milão, no norte da Itália- são o mote do universo da marca.

"Queríamos falar sobre o estilo italiano de viver. É por isso que não trabalhamos mais com fotógrafos de moda nas nossas campanhas. Eles são obcecados por moda, e não por sentimentos."

Não é o único ponto de discordância entre eles e as tendências do mundo fashion. Enquanto as grifes de luxo se preparam para aderir de vez ao esquema de produção "see now, buy now", no qual a roupa desfilada em um dia é posta à venda no outro, a dupla segue o caminho de sempre. "As pessoas compram fantasia. Sinceramente, esse modelo ágil de produzir é coisa para desesperados, que precisam de dinheiro imediato para sobreviver."

A fantasia citada por ele é fruto de inspirações colhidas em lugares, sentimentos e obras de arte. Uma dessas inspirações rendeu-lhes um processo. A artista colombiana Adriana Duque acusou a grife de plagiar em um desfile, no ano passado, os fones de ouvido criados por ela para uma série de fotografias com meninas em cenários e poses baseadas no renascentismo europeu.

"Se inspirar no trabalho de alguém não é plágio. Se olharmos assim, ela [Adriana Duque] copiou o trabalho dos artistas renascentistas [nas fotos da série "Icons"]. Não é arte colombiana, é italiana. Não entendo por que isso é uma polêmica. Era apenas um desfile", afirma o estilista que, surpreendentemente, diz gostar que o copiem."Já imaginou quantas pessoas já copiaram minhas roupas? [A estilista Coco] Chanel já dizia, 'se você não é copiado, cuidado'. Quando vejo minha estampa copiada numa loja, penso, 'ok, estou sendo bem recebido'."

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