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Serafina

'Quero trabalhar no Brasil', diz Louis Garrel, que faz Godard em filme

Fe Pinheiro
Ator francês Louis Garrel que vai interpretar o diretor Jean-Luc Godard em comédia biográfica. ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Ator francês Louis Garrel que vai interpretar o diretor Jean-Luc Godard em comédia biográfica.
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Existe a imagem de Louis Garrel: um galã blasé intelectual e depressivo, explorada à exaustão na sua filmografia desde "Os Sonhadores", filme cult de Bernardo Bertolucci que o revelou, em 2003, então com 17 anos.

E existe Louis, como ele se apresenta: um homem simpático, falante e engraçado. Essa faceta desconhecida e seu gosto pela comédia são revelados em "Le Redoutable" ("O Formidável", no Brasil), filme de Michel Hazanavicius (diretor de "O Artista") que estreia no Brasil no Festival do Rio, em outubro. O longa revela um período chave na vida do cineasta Jean-Luc Godard, quando ele, embalado pela conjuntura política que deflagrou as revoltas de maio de 68, decide renegar seus filmes anteriores, como "Acossado" (1960), "O Demônio das Onze Horas" (1965) e "O Desprezo" (1963) para focar no cinema político.

Foi nessa época que ele se casou com Anne Wiazemsky (vivida no filme por Stacy Martin, de "Ninfomaníaca"), então com 20 anos, 17 a menos que o diretor. Apesar do tom de drama biográfico, o longa logo vai para a comédia.

"A ideia de contar essa história pelo viés cômico me atraiu", diz Garrel.

O ator aparece quase irreconhecível. Saem os cabelos castanhos desarrumados e o olhar perdido. Entram fios ralos no topo da cabeça, a barba por fazer e óculos fumês quadrados.

"É a primeira vez que tento desaparecer atrás de um personagem. A ideia é deixar claro que eu finjo ser Jean-Luc Godard. É um jogo de esconde-esconde", diz o ator, que imita os maneirismos do cineasta franco-suíço, inclusive sua dicção, um misto de sotaque com uma ligeira língua presa.

O filme é cheio de passagens engraçadas e situações rocambolescas no meio de falas intelectuais do personagem Godard - pense em um Woody Allen menos neurótico.

"Precisei colocar muita força na atuação, foi um ato de amor".

O resultado rendeu a Garrel não só uma indicação ao prêmio de interpretação em Cannes, mas uma trégua. Tachado de "faire la tête" (expressão que pode ser traduzida como "fazer carão" e que rendeu memes e Tumblrs sarcásticos) e de interpretar sempre os mesmos personagens, aos 34 anos e mais de 40 filmes no currículo, o ator começa um novo capítulo.

Me sinto o Neymar

Garrel adora cinema e falar sobre cinema. Mas assim que o assunto muda, ele se sente mais à vontade. Sentado no sofá do café que fica no último andar do Cinéma des Cinéastes, no 17ème arrondissement, em Paris, ele avança o tronco para se aproximar, enquanto prepara seu cigarro eletrônico - uma tentativa de parar de fumar - e abre um sorriso.

Talvez seja o prazer da comédia, mas Garrel tem outros motivos para sorrir. Ele se casou em junho passado, em segredo, com a modelo e atriz Laetitia Casta. O sinal da união está pendurado no seu pescoço, uma pequena safira azul em uma corrente prata, adorno inesperado em um visual sem qualquer afetação e longe de modismos: calça off-white semi baggy, camiseta azul marinho de manga comprida e um trenchcoat preto.

Estamos do lado oposto do bairro preferido de Garrel, o Quartier Latin - coincidentemente também o lugar favorito de Godard em Paris.

"Adoro essa parte da cidade, não tem muitas lojas e é cheia de cinemas que passam filmes antigos", conta ele, que pode ser visto com frequência pelos cafés da região e de Saint-Germain, no Jardim de Luxemburgo brincando com a sua filha Céline, uma menininha africana adotada por ele e por Valeria Bruni-Tedeschi (cineasta e irmã de Carla Bruni-Sarkozy), sua ex-namorada, em 2009.

"Não há nada como ir ao cinema com o seu amor, tentar abrir o pacote de bala sem fazer barulho ou ter medo de comer sua pipoca e incomodar todo mundo", conta ele, fazendo onomatopéias para reproduzir os respectivos sons.

"E aí sempre tem alguém pedindo para você abaixar a cabeça! No final você está assim na cadeira", continua ele, escorregando pelo sofá até o chão. E séries? Ele até assiste, sempre com atraso. Mas não descarta a possibilidade de atuar em uma, desde que seja na França. Nada contra Hollywood, "mas não acho que eles precisem de atores franceses lá. E com o meu sotaque nunca poderia filmar em inglês". "Mas talvez no Brasil eu possa. Não sei falar 'brasileiro', mas posso fazer em inglês. Como é o sotaque brasileiro em inglês?".

Ele pode não ter o português na ponta da língua, mas foi apresentado pelo amigo Vincent Cassel a cineastas brasileiros como Selton Mello, Anita Rocha da Silveira, de "Mate-me Por Favor", e Fellipe Barbosa, de "Gabriel e a Montanha".

"Eu adoro o Brasil. Não sei porque mas toda vez que vou pra lá sou muito bem recebido. Me sinto o Neymar", diz.

"Adoraria trabalhar lá. Assim posso roubar todos os papéis do Vincent (Cassel)", diz ele, semanas antes de embarcar seu humor inusitado para o país.

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