Computador vence partida contra campeão de jogo mais difícil que xadrez
Lee Jin-man/Associated Press | ||
O campeão mundial de Go, Lee Se-Dol (à direita) em partida contra o computador AlphaGo, acompanhado do programador da DeepMind |
Um supercomputador desenvolvido pelo Google causou sensação nesta quarta-feira (9) ao derrotar o campeão mundial de Go –um jogo chinês considerado mais complexo que xadrez– na primeira partida de um torneio para determinar quem é melhor, o homem ou a máquina.
Depois de três horas e meia de partida em um grande hotel em Seul, Lee Se-Dol, considerado o melhor jogador de Go na última década, decidiu abandonar o jogo quando percebeu que não teria chances de bater o computador AlphaGo.
Depois da partida, Lee Se-Dol, de 33 anos, retirou-se sem fazer comentários. Os comentaristas observaram que Lee Se-Dol cometeu alguns erros no final do jogo.
A partida foi assistida por centenas de especialistas, jornalistas e personalidades em uma sala de imprensa, onde havia uma grande tela.
O jogo despertou tanto interesse que foi transmitida ao vivo na internet e por emissoras de televisão de Coreia do Sul, China e Japão.
Yao Qilin/Xinhua | ||
Telão transmite a partida de Go |
Essa batalha de cinco partidas deve demonstrar o progresso da inteligência artificial nos últimos dez anos.
A supremacia do computador já foi demonstrada no xadrez, quando o supercomputador Deep Blue da IBM derrotou o então campeão de xadrez, Garry Kasparov.
Mas os especialistas acreditavam que a máquina teria mais dificuldades no Go, muito mais complexo e com uma enorme quantidade de opções e combinações que o xadrez.
Essa primeira vitória da AlphaGo aumenta o suspense desse duelo que acontece até 15 de março.
Se vencer, Lee Sedol levará um prêmio de um milhão de dólares do Google. Se ele perder, a companhia doará o dinheiro para caridade.
O jogo de Go, que data de mais de 2.500 anos atrás, tem cerca de 40 milhões de jogadores regulares ao redor do mundo e 1.000 jogadores profissionais, principalmente no leste da Ásia.
CONFIANÇA ABALADA
Antes da partida, Lee estava confiante que podia superar o computador. "Eu assisti às gravações das partidas [com Fan Hui] e foi surpreendente ver o nível que o AlphaGo atingiu, mas ainda não chegou no meu nível", disse Lee ao "Financial Times". "Eu não acho que cinco meses é tempo suficiente para melhorá-lo ao ponto de me superar."
A AlphaGo, desenvolvida por Demis Hassabis e colegas na DeepMind, adquirida pelo Google, em Londres utiliza a "aprendizagem profunda" (Deep Learning), método de aprendizagem automático concebido com base em camadas de "neurônios" artificiais que imitam o cérebro humano.
"Nós queremos usar essa tecnologia para mais do que só jogos", disse ele. "O que nós esperamos é aplicá-la em vários problemas no futuro, incluindo assistência médica, robótica, robôs domésticos e que cuidam de idosos e o assistente pessoal do seu telefone."
Ele imagina que serão necessárias muitas décadas para criar uma inteligência artificial no nível de um humano. Para Hassabis, a partida dará a chance de pesquisadores poderem avaliar a flexibilidade do algoritmo e sua habilidade de resolver problemas complexos -o que pode ser aplicado em várias indústrias.
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