Na Índia, botão do pânico protege mulheres contra assédio em táxis
Rafiq Maqbool/Associated Press | ||
Passageiros carregam estátua do deus Ganesha em táxi na cidade de Mumbai |
"Se você apertar, vai disparar um alarme, a polícia receberá um chamado com a localização do meu carro e virá atrás de mim. Então, por favor, evite tocá-lo por engano", diz Shankar Farhanaa, motorista de táxi em Mumbai, explicando o funcionamento do botão do pânico.
O dispositivo foi implementado pelo governo em 2015 com a intenção de aumentar a segurança das mulheres. No aplicativo Uber, uma ferramenta que reporta situações de risco foi habilitada há dois anos, depois do estupro de uma passageira na capital, Nova Déli, por um motorista do serviço.
Mas ameaçar fazer escândalo ao perceber qualquer perigo é outro jeito efetivo de uma mulher em viagem sozinha pelo país asiático aumentar sua segurança. Indianos têm pavor disso.
Em sua terceira viagem à Índia, a instrutora de ioga Thaise Cabral, 36, passou a primeira experiência "realmente desagradável" neste ano. Enquanto dormia em um ônibus que ia de Mumbai a Goa, sentiu algo tocar seu braço. "Quando acordei, vi o cara fazendo carinho em mim. Gritei." Os outros passageiros viram o homem mudar de assento. "Para eles, barraco é o fim da picada."
Para a francesa Emma, nem a companhia do amigo Bennoit não foi suficiente para evitar problemas. Quando desembarcavam em um porto de Aluva, no sul, o rapaz viu a amiga abraçar o canoeiro em agradecimento pelo serviço e a ajuda com as malas.
"Ele apertou os seios dela, que devolveu um tapa na cara. Foi surreal", diz Bennoit.
BOM HUMOR
Também é importante preparar o humor para a sempre presente curiosidade: "Você é casada?". Melhor responder positivamente, mesmo que não seja verdade, e evitar alongar a conversa.
Algumas agências têm o serviço "women only travel" (mulheres que viajam sozinhas) e montam grupos de viagem só com elas.
Preocupado com o número de casos de violência e abuso contra mulheres, o governo indiano também lançou uma cartilha no ano passado com sugestões controversas como não usar saia ou vestido e não sair sozinha à noite em cidades do interior. Além disso, criou vagões de trem exclusivos para elas.
Há cinco meses rodando o país atrás de práticas de ayurveda (medicina hindu), a portuguesa Daniela Carlos, 31, só vai aonde se possa chegar de avião. Trens e ônibus não inspiram sua confiança.
As companhias aéreas parecem estar atentas às demandas das clientes. Na Air India, a mulher que viaja sozinha pode solicitar um assento exclusivo. O serviço existe desde o começo deste ano e coloca a viajante nas três primeiras filas da aeronave, só para passageiras. Sem custo extra.
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Agências para quem viaja sozinha pela Índia
F5 Escapes
Oferece passeios imersivos em grupos ou com saídas e roteiros personalizados; f5escapes.com
Soul Purpose Travel
Viagens com estadia em hotéis-butique e palácios; soulpurposetravels.com
Wo Voyage
Guias, motoristas e tradutoras mulheres em Nova Déli são alguns serviços oferecidos pela agência; wovoyage.com
Incredible India Tours
Pacote de 22 noites, previsto para outubro, atravessa o país por US$ 3.990 (R$ 12.500); incredibleindiatours.com
Women on Wanderlust
Passeios pelo Himalaia a partir de US$ 694 (R$ 2.170); wowclub.in
Ekno Travels
Cria roteiros curtos ou de aventuras pelas montanhas; eknotravels.com
The Wander Girls
Traz serviço de planejamento de viagens a partir de 5.000 rúpias (R$ 245); thewandergirls.com
Wonderful World
Pacotes exploram a natureza e cultura do interior do país; womenontheirowntrip.com
Tiger Travel Índia
Leva a destinos fora dos roteiros turísticos usuais; tigertravel.co.uk
Livraria da Folha
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